Madeira

Actividade económica na Madeira cai o dobro da última crise

Em 2012, o IRAE atingiu o máximo de -5,5% em Junho. Em 2020, o indicador regional baixou em Junho para -10,3%

Em Junho preparava-se para a reabertura do Aeroporto. É de prever que os números da actividade económica melhorem nos próximos meses.   Foto Rui Silva/Aspress
Em Junho preparava-se para a reabertura do Aeroporto. É de prever que os números da actividade económica melhorem nos próximos meses.   Foto Rui Silva/Aspress

"O Indicador Regional de Actividade Económica (IRAE) indicia que, no mês de Junho, a actividade económica da RAM continuou a registar uma quebra homóloga, ligeiramente mais acentuada quando comparada com o mês anterior (-9,4%)", tendo já atingido -10,3%, o dobro do que ocorrera no pior momento da última crise económica, em Junho de 2012 (-5,5%).

Segundo a Direcção Regional de Estatística da Madeira (DREM), em nota publica esta tarde, "a diminuição observada em Junho resulta de uma média móvel de três meses, ou seja, da média das variações observadas em Abril, Maio e Junho, uma opção metodológica aplicada no IRAE desde a sua criação, e que visa reduzir flutuações erróneas do indicador. Aqueles três meses correspondem a um período de forte condicionamento da atividade económica, com um número significativo de empresas encerradas ou com baixa faturação, em virtude das medidas de restrição à mobilidade adoptadas com o objectivo de controlar eficazmente a transmissão comunitária do COVID-19", justifica.

Assim, continua, "como a DREM referiu na primeira divulgação do IRAE, em Outubro de 2017, o objectivo do mesmo é 'sinalizar o comportamento da atividade económica, nomeadamente no que se refere à sua direção e magnitude das flutuações: se esta se encontra em terreno positivo ou negativo, as acelerações, desacelerações e a identificação de pontos de viragem'". E acrescenta: "O seu valor quantitativo, assume por isso uma importância secundária, não se apresentando o mesmo como um substituto da variação real do Produto Interno Bruto, a ser apurada com um conjunto mais variado e completo de informação estatística, muito embora haja uma forte correlação entre as duas variáveis."

Quebra sem precedentes na  história recente

Posto estes esclarecimentos, diz a autoridade estatística regional que "a expressão numérica do IRAE de Junho deste ano não deve ser interpretada como a medida exacta em que o PIB regional contraiu no 2.º trimestre de 2020. Este confirma, no entanto, a magnitude sem precedente na história recente da contração da economia. Uma comparação dos valores actuais do IRAE com os registados durante a recessão de 2012 (ano em que o PIB regional diminuiu 7,7%), aponta para que a redução da actividade no período recente seja pelo menos duas vezes superior à registada naquele período", prevê.

Aliás, acrescenta, "a questão acima referida não é exclusiva do indicador de actividade (IAE) regional, o qual foi construído com o objectivo de capturar de forma o mais precisa possível flutuações normais do ciclo económico. Ora, a crise actual não se enquadra nesta descrição. Para tal, tanto instituições internacionais que com frequência publicam previsões económicas, bem como institutos nacionais de estatística têm recorrido a indicadores de elevada frequência não tradicionais, para um acompanhamento em tempo real da recessão. Estes incluem estatísticas de mobilidade, frequência de transporte aéreo, consumo de electricidade, poluição atmosférica, entre muitas outras. Foi para esse efeito que a DREM iniciou a publicação de diversos 'Em Foco' com uma contextualização mais completa da vida económica e social da Região durante a pandemia", explica.

"Permanece, no entanto, uma elevada incerteza quanto à escala exacta do impacto da pandemia na economia", adverte.

E aponta: "É por isso útil neste contexto olhar também para a relação entre o IAE nacional, calculado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), com o IRAE. De acordo com a última Síntese de Conjuntura do INE, o IAE nacional de Junho (em média móvel de 3 meses, ou seja, o equivalente ao 2.º trimestre de 2020) foi de -7,1%, enquanto a quebra homóloga do PIB no 2.º trimestre foi de -16,3%. Mais uma vez, tais discrepâncias devem ser encaradas com naturalidade em períodos de variação da actividade em que, pela sua amplitude, podem ter alterado de forma significativa as relações históricas entre as variáveis. Assim, modelos que anteriormente apresentavam uma capacidade predictiva válida, podem não se apresentar apropriadamente especificados nas circunstâncias actuais. É por isso que, neste contexto, a DREM tem desenvolvido um esforço acrescido de comunicação e oferta de um espectro mais alargado de indicadores que informem de forma mais completa os utilizadores de estatísticas."

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