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Trabalhadores acusam panificadora de Caminha de usar “desculpa” da covid-19 para fechar

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Os trabalhadores da panificadora Camipão, em Caminha, acusaram hoje a administração de usar a pandemia de covid-19 para “encerrar e atirar para o desemprego 60 trabalhadores, que desde sexta-feira “vigiam” a empresa para “registar” a retirada de máquinas.

“A situação da Camipão já era muito grave antes da pandemia. Quando a administração nos comunicou a suspensão da atividade, no dia 24 de março, de “uma hora para a outra”, justificou a decisão com a covid-19, mas foi só uma desculpa. Não tinham intenção de nos pagar os salários e subsídios em atraso, desde 2019”, disse hoje à Lusa José Luís Lima, porta-voz dos trabalhadores.

No dia 27 de março, aquele Técnico Oficial de Contas (TOC) e agora porta-voz dos trabalhadores entregou no tribunal de Viana do Castelo o pedido de insolvência da Camipão.

Desde a última sexta-feira, a “vigilância” da fábrica, em Vila Praia de Âncora, distrito de Viana do Castelo, está a ser assegurada por “turnos de dois trabalhadores”, sendo “contactada a GNR sempre que é detetada a retirada de máquinas do interior das instalações”.

“Não podemos impedir a retirada do material porque o processo de insolvência ainda está a correr, mas queremos que essa situação fique formalmente registada, em autos levantados pela GNR para que essa informação seja utilizada para acautelar os direitos dos trabalhadores”, referiu.

Contactado hoje pela Lusa, o diretor do centro local do Alto Minho da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT), Joaquim Silva, adiantou “estar em curso, desde a semana passada, uma intervenção na empresa.

O responsável referiu que “a administração já começou a emitir a declaração de retribuições em mora para que os trabalhadores, que suspenderam o contrato de trabalho, possam requerer o subsídio de desemprego”.

“Quase a generalidade dos trabalhadores já deverão ter recebido a declaração e a ACT irá continuar a sua atividade porque há outras responsabilidades que é necessário apurar”, referiu.

A Lusa tentou, mas sem sucesso, ouvir a administração da Camipão.

Fundada em 1973, a panificadora está sediada em Sandia, em Vila Praia de Âncora, e tem nove lojas nos concelhos de Caminha e Vila Nova de Cerveira.

“O atual administrador assumiu funções, em 2012, e encontrou uma empresa que era PME de Excelência. Nos últimos três anos começaram os atrasos nos pagamentos de salários. No meu entender, tratou-se de pura má gestão”, adiantou o porta-voz dos trabalhadores que estão sem receber “parte do salário de janeiro de 2020, os subsídios de Natal e Férias de 2019 e o subsídio de Natal de 2018”.

José Luís Lima, adiantou estar prevista para sábado, às 15:00, uma assembleia de acionistas.

O encerramento da Camipão motivou, desde 26 de março, pedidos de esclarecimento enviados ao Governo pelos grupos parlamentares do Bloco de Esquerda, PCP e PS.

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