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Ser ou não ser

Provavelmente não está a questionar o porquê de a cor destas letras ser preta. Pergunta-se, talvez, por que razão é o fundo branco e não de outra cor?

A resposta é simples: racismo!

Chegámos ao ponto de cair no ridículo. Mais de dois mil anos de existência não bastaram para que pudéssemos cultivar uma educação que perdurasse no tempo, sapiente e astuta, de geração em geração. E ainda nem a meio caminho vamos!

Cada vez mais, as pessoas parecem perder a noção do certo e do errado, do agradável e do indelicado, do ético e do banal. E de quem é a culpa? Alguns dirão que é do sistema. Outros, da própria educação. Será dos pais? Hereditariedade vs questão cultural? Os estudiosos do Facebook dirão que foi do confinamento…

Não vou falar daquilo que já sabe.

A verdade é que, hoje em dia, tudo é racismo! Não ser racista já começa a ser racista. Porque ao admitirmos que não somos racistas, estamos a criar uma linha separadora entre o não racismo e o racismo, e isso é verdadeiramente racista!

Ainda há um ou dois meses, enquanto procurava algum entretenimento no Twitter, deparei-me com um vídeo: três raparigas americanas a limpar, voluntariamente, um monumento histórico que havia sido vandalizado. Eram graffitis com mensagens como “All Black Lives Matter” e “Justice for George”. Uma mulher que por ali passava deu-se ao trabalho de tirar o telemóvel do bolso para iniciar a gravação, onde questionava obstinadamente as jovens sobre o porquê de estarem a apagar a tinta da parede. São racistas? Não gostam de gente negra? Não querem justiça para George Floyd?

Outro episódio da rede social mais caricata da atualidade, foi a publicação de uma jovem que acusou a PlayStation de violar liberdades de expressão. Isto porque (repare bem) a “menina” não se identificou com os novos comandos da mais recente consola de videojogos: eram brancos e tinham as teclas brancas. O absurdo deu-se quando fez a comparação com os comandos da consola rival, a Xbox, por estes serem pretos e terem teclas de várias cores. Chegou-se ao ponto de questionar a falta de respeito para com a comunidade LGBTI, porque as teclas não eram coloridas! Para quem conhece o Twitter, prevê facilmente a troca de “galhardetes” que este post gerou…

Não imagina a quantidade de outros exemplos que eu poderia usar, onde as pessoas (quase que forçadamente) procuram a existência de racismo, acusando tudo e todos de o praticar.

Permite-me que partilhe consigo um facto interessante?

“A verdade nua e crua, sem verniz, é que quase todas as pessoas com que depara se sentem superiores a si de alguma forma”. Disse-o Dale Carnegie em 1937, e digo-o eu agora, em 2020.

Vivemos numa geração que mergulhou num oceano de opiniões, e que parece estar a se afogar sozinha, onde, não poucas as vezes, a voz da razão é dada a desconhecidos que se encontram a quilómetros e quilómetros de distância.

Terei eu razão? Estarei a ser racista?

Só me vem um nome à cabeça: William Shakespeare! Não imaginou ele, enquanto esboçava uma das suas mais aclamadas obras, “A tragédia de Hamlet, príncipe da Dinamarca”, que volvidos mais de quatro séculos, estaria eu, enquanto termino este meu raciocínio, a citar umas das suas personagens:

- “Ser ou não ser, eis a questão”

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