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ONG questiona credibilidade da missão que elaborou relatório da ONU sobre Venezuela

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A organização não-governamental (ONG) Sures questionou hoje a credibilidade da missão internacional da ONU que emitiu um relatório vinculando o Presidente da Venezuela e os ministros do Interior e da Defesa a graves crimes das forças de segurança.

Para a Sures, ONG dedicada ao estudo e defesa dos Direitos Humanos, o relatório ataca "espaços de entendimento" entre a Alta Comissária dos Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, e o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, para justificar o bloqueio contra o país.

"É uma comissão atípica que pretende substituir as funções que exercem outros órgãos permanentes do sistema internacional de Direitos Humanos, como o Conselho de Direitos Humanos, a Alta Comissária para os Direitos Humanos, os relatores e peritos independentes", afirmou o porta-voz da Sures, Cristóbal Cornieles.

Em declarações à Unión Rádio, Cristóbal Cornieles explicou que a comissão não tem vínculos com a missão da ONU que está na Venezuela, nem relação com o trabalho que está a fazer Michelle Bachelet no marco do acordo de cooperação assinado há mais de um ano".

"Não tem relação com o que foi apresentado pela Alta Comissária nas últimas três sessões da ONU. Foi uma comissão criada 'ad-hoc', somente para o caso venezuelano, que tem algumas características que fazem duvidar da sua imparcialidade", declarou.

Segundo a Sures, a comissão formada por Marta Valiñas (de Portugal), Francisco Cox (do Chile) e Paul Seils (Grã-Bretanha) foi "nomeada por uma maioria circunstancial" e "recebeu mais de 2,7 milhões de dólares (2,28 milhões de euros), para fazer o relatório".

"É uma comissão que poderíamos dizer mercenária, que pretende substituir órgãos que funcionam no sistema da ONU desde há mais de 50 anos. É formada por três advogados de aspeto 'cinzento' (duvidoso), porta-vozes de três países que desconhecem a institucionalidade democrática da Venezuela e participam ativamente no bloqueio económico e comercial contra o nosso país. São porta-vozes do Reino Unido, de Portugal e do Chile", disse o dirigente da ONG.

Para a Sures, o relatório "esconde verdades" que "são evidentes", como o frustrado golpe de Estado de 30 de abril de 2019, crimes de ódio no marco da violência com fins políticos entre 2014 e 2017, e o uso de crianças em atos de violência política.

"É um relatório enviesado que não terá maiores repercussões além dos meios de comunicação", disse Cristóbal Cornieles.

Os investigadores de uma missão internacional da ONU acusaram na quarta-feira o Presidente Nicolás Maduro e os seus ministros do Interior e da Defesa de envolvimento em graves crimes cometidos pelas forças de segurança do país.

A equipa de investigadores -- que divulgou o seu primeiro relatório, mas não se deslocou à Venezuela --, afirmou ter detetado provas de crimes contra a humanidade, e indicou possuir "bons motivos para pensar que o Presidente" e aqueles ministros "ordenaram ou contribuíram para ordenar crimes concretizados", indicou em comunicado a jurista portuguesa Marta Valiñas, que dirige a equipa de investigadores.

Alguns destes crimes, "incluindo mortes arbitrárias e o uso sistemático da tortura, inserem-se no âmbito de crimes contra a humanidade", disse.

Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Jorge Arreaza, o relatório está "infestado de falsidades" e foi elaborado por uma "missão fantasma" e foi "preparado remotamente, sem qualquer rigor metodológico, por uma missão fantasma dirigida contra a Venezuela e controlada por governos subordinados a Washington".

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