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Pilotos do Boeing ucraniano abatido pelo Irão estavam vivos após primeiro míssil

Revelação das caixas negras que deixaram de registar 19 segundos após impacto. Morreram 176 pessoas

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Foto Shutterstock/Oleksandr Naumenko

As caixas negras do Boeing ucraniano abatido em Janeiro deste ano sobre Teerão revelaram que os pilotos ainda estavam vivos depois do avião ter sido atingido pelo primeiro de dois mísseis, revelaram hoje as autoridades iranianas.

As Forças Armadas iranianas admitiram em 11 de Janeiro último que três dias antes tinham abatido "por engano" o Boeing no voo da Ukraine International Airlines PS 752 entre Teerão e Kiev, pouco depois de o aparelho ter descolado do Aeroporto Internacional de Teerão.

O gravador de voz do cockpit captou uma conversa entre o piloto, o co-piloto e um instrutor "até 19 segundos após o primeiro míssil ter atingido o avião", disse o chefe da aviação civil iraniana, Turaj Dehghani Zanganaeh, citado pelo site da Iribnews, o canal de televisão estatal do país .

"O instrutor diz que a aeronave tem um problema electrónico e a fonte de alimentação auxiliar foi activada", acrescentou a mesma fonte, partilhando pela primeira vez dados das caixas negras extraídas por especialistas franceses do Gabinete de Investigação e Análise (BEA), em Paris.

"Os pilotos foram informados de que os dois motores da aeronave estavam ligados", disse.

As caixas negras deixaram de funcionar 19 segundos após o primeiro embate. "A análise das consequências do segundo míssil não pôde ser obtida a partir das caixas negras", disse ainda Dehghani Zanganaeh.

Segundo uma fonte próxima da investigação, as declarações do chefe da aviação civil iraniana não constituem surpresa.

"Nada mais pôde ser encontrado", segundo esta fonte, para quem as causas do acidente (quem disparou e porquê) nunca serão conhecidas através da operação das caixas negras.

A tragédia custou a vida das 176 pessoas a bordo do avião, na sua maioria iranianos e canadianos, muitos dos quais com dupla nacionalidade.

Após acordos diplomáticos entre o Canadá e a Ucrânia, que exigiam uma peritagem internacional das caixas negras, o BEA (Bureau d'enquêtes et d'analyses) indicou no final de Junho que o Irão tinha oficialmente solicitado a assistência técnica do gabinete na reparação e descarregamento dos dados nelas contidos.

No dia do acidente, as defesas aéreas do Irão estavam em alerta máximo por receio de um ataque norte-americano.

O Irão esperava uma resposta de Washington ao ataque iraniano a uma base utilizada pelos militares norte-americanos no Iraque, em resposta à operação norte-americana que matou o general Qassem Soleimani, arquitecto da estratégia militar regional do Irão, num ataque em Bagdade.

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