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Oposição venezuelana denuncia abusos de militares nas filas para gasolina

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A oposição venezuelana denunciou hoje abusos e ameaças de militares e funcionários públicos a motoristas que esperam nas estações de serviço para comprar gasolina, onde chegam a fazer fila durante vários dias.

"Em Barquisimeto, estado de Lara [centro do país], motoristas estiveram até 12 dias em fila nas estações de serviço para tentar abastecer as suas viaturas. No entanto, funcionários da Guarda Nacional expulsaram-nos do local sem motivo", acusa em comunicado a oposição.

No documento, divulgado pela equipa do líder opositor Juan Guaidó, explica-se que "os militares ameaçaram os motoristas de que rebocariam os seus carros e os multariam em dois petros [48,50 euros]".

As pessoas "tiveram de empurrar os seus carros, porque não tinham gasolina para os fazer funcionar", explica-se no comunicado.

Por outro lado, ainda segundo a nota, no sul do estado de Anzoátegui (500 quilómetros a leste de Caracas), vários cidadãos denunciaram "que estavam na fila [para comprar] gasolina há mais de 23 dias, sem nenhuma solução quanto à venda de combustível".

"Há pessoas que estão há 25 dias [nas filas] e eu estou há 18 dias. Aqui não dão respostas, apenas que não há gasolina", explicou na nota o motorista José Ron.

Segundo o mesmo motorista, quando "lhe permitem comprar gasolina, apenas distribuem 30 litros por viatura".

Outro motorista citado na nota, Pedro Becerra, disse que está há cinco meses sem poder trabalhar, por não conseguir gasolina, e explicou que o setor do transporte de mercadorias é o mais afetado pela situação.

A Venezuela registou uma forte escassez de combustível, entre finais de março e maio, que obrigou os motoristas a acorrerem às estações de serviço vários dias por semana, para conseguir gasolina, muitas vezes sem sucesso.

Em finais de maio, chegaram à Venezuela cinco barcos com combustível provenientes do Irão, cuja distribuição fez diminuir as filas para abastecimento de gasolina, que passou de ser mais barata que uma garrafa de água a ser cobrada a preços internacionais (0,50 dólares por litro), com subsídios para setores prioritários.

No entanto, desde há pelo menos seis semanas que os venezuelanos recorreram às redes sociais para denunciar novamente dificuldades para conseguir combustível, num altura em que cada cidadão apenas pode comprar gasolina no dia que corresponde ao último dígito da matrícula da sua viatura.

Segundo a imprensa local, algumas pessoas queixaram-se que as autoridades estavam a reduzir a quantidade de gasolina que podiam comprar, levando ao ressurgimento das longas filas.

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