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Falta de gasolina condiciona vida económica na Venezuela

Foto AFP
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A oposição venezuelana acusou hoje o Governo do Presidente Nicolás Maduro de não flexibilizar e levantar a quarentena no país devido à grave escassez de gasolina na Venezuela, país onde 55% da força de trabalho está paralisada.

“Pelo número de casos registados pelo regime sobre a covid-19 não há motivos para uma quarentena tão elevada. Não abrem a economia pelas restrições no abastecimento, devido à escassez de gasolina”, disse o deputado que preside a Comissão de Finanças do parlamento da Venezuela.

José Guerra, que é também economista, disse aos jornalistas que “os venezuelanos ou morrem de coronavírus ou de fome, porque 55% da força de trabalho está paralisada” e “quem trabalha por conta própria ou na economia informal não tem receitas”.

“Há uma paralisação brutal na economia”, frisou.

Segundo o deputado a escassez de “gasolina é o fator de maior restrição na economia” venezuelana.

“Um país que não tem gasolina tem dificuldades para mobilizar os produtos e por isso sobem de preço. Caracas e outras grandes cidades não são centros de produção, mas de consumidores e transportar os produtos faz subir os preços”, explicou.

Na Venezuela são cada vez mais frequentes as queixas da população de dificuldades para conseguir gasolina, um produto disponível apenas para alguns setores prioritários, que conseguem entre 20 e 30 litros de cada vez à semana por um valor oficial abaixo do preço de uma garrafa pequena de água.

Com poucas estações a funcionar, a população em geral, deve fazer fila uma vez por semana, no dia que corresponde ao último dígito da matrícula da viatura. Muitas vezes, depois de esperar dois dias em fila, as pessoas têm que desistir porque não ficaram entre os cem carros que são atendidos diariamente ou porque acabou o combustível.

São frequentes os protestos pela falta de combustível, inclusive de agricultores de localidades como Mérida e Trujillo (sudoeste do país) por estarem impedidos de transportar os legumes e vegetais para os centros urbanos.

Segundo a imprensa local a Venezuela enfrenta dificuldades para reativar algumas refinarias que, entretanto, paralisaram, devido à falta de produtos químicos para a refinação e peças de reposição.

A Venezuela tem 422 casos confirmados de covid-19, 10 mortes associadas à doença e, pelo menos, 205 pessoas recuperadas.

O país está desde 13 de março em estado de alerta, o que permite ao executivo decretar “decisões drásticas” para combater a pandemia.

O estado de alerta foi decretado por 30 dias e prolongado por igual período.

Os voos nacionais e internacionais estão limitados.

Desde 16 de março que os venezuelanos estão em quarentena e impedidos de circular livremente entre os vários Estados do país.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 286 mil mortos e infetou mais de 4,1 milhões de pessoas em 195 países e territórios.

Mais de 1,4 milhões de doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.

Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, vários países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos a aliviar diversas medidas.

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