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Crónicas

Sem desculpas

Urge por isso uma cumplicidade entre a Região e o Estado Central para que possamos ser apoiados na construção de condições que nos permitam recuperar o tempo perdido

Partimos para uma nova fase do desconfinamento, com a abertura dos aeroportos e com o regresso do Turismo. Independentemente dos partidos quem toma as decisões são as pessoas. Por isso é que numas regiões os partidos parecem ter tomado opções acertadas e noutras nem tanto. E é por isso que é importante referir as pessoas que estão à frente da Região Autónoma da Madeira e a forma como demostraram enorme maturidade e capacidade de resolução dos problemas perante a mais grave crise de saúde das nossas gerações. Ninguém estava preparado para o que passámos nos últimos meses, mas estes tempos também nos mostraram quem estava mais apto para lidar com o desconhecido, quem não tem medo de fazer o que é necessário para defender os seus cidadãos, quem assume a liderança e a utiliza para resolver as situações mais delicadas.

Neste aspecto temos que estar orgulhosos do que foi atingido por cá. Começando em quem dirige o Governo Regional até aos cidadãos que optaram por uma postura responsável e diligente. A Madeira deu um sinal ao País e até ao Mundo de como se deve gerir em tempos de crise. E não se resume ao facto de ser insular porque outras regiões insulares não conseguiram a mesma assertividade. Mas esta primeira vitória não pode nem nos deve inebriar quanto aos passos que terão que ser dados a seguir. A começar pela forma contundente a ser dada no aeroporto. Se este é quase a única porta de entrada possível do vírus, tem que ser dada uma resposta firme, no que toca à testagem e ao acompanhamento rigoroso do estado de saúde dos turistas, para que não tenhamos surpresas. Só assim conseguiremos atrair turismo de forma mais célere. Não nos enganemos , a primeira premissa para viajar nos tempos mais próximos será a confiança.

Urge por isso uma cumplicidade entre a Região e o Estado Central para que possamos ser apoiados na construção de condições que nos permitam recuperar o tempo perdido. Não só nas moratórias dos pagamentos e no aliviar das condições de dívida mas também na promoção do futuro.E aqui seria importante que o Turismo de Portugal olhasse com bastante consideração para as necessidades das nossas ilhas. Mas será também um teste decisivo à capacidade da Associação de Promoção da Madeira e à sua capacidade criativa na procura das melhores soluções que nos possam apresentar lá fora como um destino de referência, procurando talvez novos mercados e uma aposta cada vez mais necessária nas novas gerações. O Turismo sénior será previsivelmente o último a retomar, está por isso na altura de mostrar que por cá também existem muitos motivos de interesse para os mais jovens.

Quanto à TAP, embora defendesse que provavelmente seria melhor uma reinvenção do conceito e da própria companhia só posso ver os novos desenvolvimentos com natural beneficio . Se temos passado os últimos anos a reivindicar melhores preços e mais respeito em relação à continuidade territorial , se temos sempre esbarrado na ladainha do interesse privado, do principio da não ingerência nos interesses e estratégias da mesma, com a alteração da composição acionista tornando o Estado português como o responsável máximo já não existem mais desculpas para a concretização do que já deveria estar instituído há muito. Melhores condições e uma maior aposta nas Regiões Autónomas, preços que nos permitam ser competitivos em relação aos mercados concorrentes, passagem do subsidio de mobilidade para um preço fixo a pagar sem termos que investir para depois sermos reembolsados mas, muito importante também , condições especiais para que os continentais possam usufruir das ilhas da mesma forma que usufruem do Algarve para passar as suas férias. Afinal de contas o lema não tem sido “vá para fora cá dentro”?

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