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UE quer esclarecimentos sobre Burkina Faso

Em causa estão alegados abusos das forças de segurança

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Foro EPA

A delegação da União Europeia (UE) no Burkina Faso apelou às autoridades locais para que "façam luz" sobre os abusos cometidos pelas forças de segurança sob disfarce da luta anti-jihadista.

"A delegação da União Europeia e os chefes de missão dos Estados-membros da UE residentes no Burkina Faso insistem (...) para que toda a luz seja feita sobre as alegações de abusos reveladas pela Human Rights Watch e quaisquer outros de que tenham conhecimento", lê-se num comunicado hoje divulgado pelo escritório da UE em Ouagadougou.

"Lutar contra a impunidade é indispensável para o reforço do Estado de Direito e da confiança entre as forças de defesa e de segurança e a população", sublinha a UE, reiterando o seu "apoio à luta contra o terrorismo" no Burkina Faso.

De acordo com a Human Rights Watch (HRW), "valas comuns com pelo menos 180 corpos foram encontradas do longo dos últimos meses" ao redor de Djibo, no norte do país, uma região onde têm acontecido frequentemente ataques jihadistas.

"As provas disponíveis sugerem o envolvimento das forças de segurança governamentais em execuções em massa", realizadas sob disfarce da luta anti-jihadista, segundo a HRW.

O porta-voz do Governo, Remis Fulgance Dandjinou, afirmou, citado pela Agência France-Presse, que "as alegações" da HRW fazem "uma leitura equívoca dos esforços das forças de defesa e de segurança (...) face a uma guerra imposta pelos movimentos terroristas e de homens armados não identificados".

Na quarta-feira, os Estados Unidos da América (EUA) exigiram que as autoridades do Burkina Faso "façam mais" para prevenir abusos pelas forças de segurança contra civis, afirmando que o apoio norte-americano "não pode continuar sem ação" daquelas.

"As autoridades do Burkina têm de fazer mais para prevenir estes abusos e responsabilizar os seus autores", escreveu o secretário de Estado Adjunto para África, Tibor Nagy, na plataforma social Twitter, remetendo para o relatório HRW.

No relatório, a HRW acusa as forças de segurança do Burkina de, alegadamente, terem executado extrajudicialmente, durante os últimos meses, cerca de 180 pessoas na região de Djibo, norte do país.

Tibor Nagy afirmou que o relatório é "muito preocupante" e ameaçou que "o apoio norte-americano à segurança [no Burkina Faso] não pode continuar sem ação" das autoridades do país.

O enviado dos EUA ao Sahel, Peter Pham, reforçou a ideia e escreveu que, "sem uma ação rápida e profunda, estes abusos colocam em risco a parceria com os EUA".

As declarações destes dois responsáveis norte-americanos surgiram depois de uma publicação pela embaixada dos EUA em Ouagadougou, capital do Burkina Faso, na qual a representação diplomática expressou preocupação com "o contínuo e crescente número de alegações de abuso".

Nos últimos anos, as forças de ordem do Burkina Faso têm sido repetidamente acusadas de abusos aos direitos humanos, incluindo de mortes extrajudiciais, na luta contra grupos jiadistas.

Em maio, 12 das 25 pessoas detidas por suspeito de terrorismo morreram numa esquadra em Tanwalbougou, no leste do país.

Os familiares das vítimas, incluindo um deputado, e organizações não-governamentais, apontaram que os 12 eram civis que foram apanhados durante uma patrulha e que estes foram executados com balas na cabeça, uma hipótese excluída pela procuradoria do Burkina Faso.

O Burkina Faso é alvo regular de ataques 'jihadistas', por vezes entrelaçados com conflitos intercomunitários. Os conflitos mataram mais de 1.100 pessoas desde 2015 e obrigaram quase um milhão de pessoas a abandonarem as suas casas.

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