Madeira

Arranque atribulado na Universidade da Madeira

Falta de espaço, de horários e de controlo de entrada são situações reportadas

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"Tudo faremos para que tais situações não se repitam”, garantiu ao DIÁRIO o Gabinete a Reitoria da Universidade da Madeira

A Universidade da Madeira está a enfrentar diversos problemas que são causados sobretudo pelo que a Associação Académica da UMa entende por falta de planeamento neste início de ano lectivo, uma situação para a qual começaram a alertar em Maio. O interesse dos alunos, diz a representante, não está a ser salvaguardado. A Universidade responde, diz que são situações pontuais que estão a ser resolvidas e que foram potenciadas também pelo adiamento da Época Especial.

Segundo relatos que chegaram à Associação Académica através dos embaixadores - alunos de outros anos mais avançados que prestam apoio aos caloiros no arranque do ano lectivo-, há alunos a ficar sem aulas porque as salas não têm capacidade para os receber todos com o distanciamento de segurança; há professores que se recusam a escolher meia turma para ensinar, por considerarem injusto para a outra metade, e em protesto, não dão aula; há salas superlotas. Há também casos de estudantes que têm uma aula presencial entre as 9 horas e as 11 horas na instituição de ensino e outra virtual entre as 11h e as 13 horas. Houve um caso, relata a AAUMa, de uma turma que chegou para ter aulas às 8 horas da manhã, para descobrir que não ia acontecer, pois a professora estava fora do país num congresso e não foram informados. Mas pior do que ficar sem uma aula, é não ter ainda horário atribuído, como é o caso dos alunos do Curso de Agricultura Biológica.

A Universidade assumiu que tem conhecimento de “algumas situações em que foram acrescentadas cadeiras, para permitir a participação de estudantes, mas em casos em que era possível manter o distanciamento físico”. Revela que em outros, a instituição tratou de alterar a sala ou forma de leccionação, de modo a que a situação não se repita no futuro.  Houve igualmente sobrelotações em que o problema foi resolvido no imediato com a troca de sala.

Nos casos em que não foi possível viabilizar a alteração da sala de modo a permitir também a participação de mais estudantes, “esses casos foram já resolvidos e as aulas serão repostas.” A UMa admite “referências de uma ou outra situação em que poderão ter ocorrido aulas com alguns alunos a mais do que a lotação prevista. Tudo faremos para que tais situações não se repitam.”

“Tivemos referências de uma ou outra situação em que poderão ter ocorrido aulas com alguns alunos a mais do que a lotação prevista. Tudo faremos para que tais situações não se repitam.” Gabinete da Reitoria da Universidade da Madeira

Respondendo às questões colocadas pelo DIÁRIO, o Gabinete da Reitoria reconheceu também que “podem ocorrer situações em que estejam organizadas aulas presenciais e online seguidas, quando a leccionação à distância é devida à situação clínica do docente, por ter comprovativo médico da sua situação de risco e o número de estudantes é pequeno. Nesses casos poderá ser possível a permanência dos estudantes numa sala de aula, onde recebem as aulas presenciais, bem como as aulas à distância (que o docente leccionara a partir de casa).” E em relação aos casos em que haja mais alunos do que a capacidade da sala, a situação será corrigida, compromete-se a instituição, “mudando os dois tipos de aulas (presenciais e à distância) para dias distintos ou espaçando as aulas de modo a que os estudantes tenham tempo de se deslocar até casa.”

Começou “o melhor ano de sempre” na Universidade da Madeira

Aulas no Campus Universitário da Penteada foram uma estreia para 658 alunos

Orlando Drumond , 06 Outubro 2020 - 13:28

A Universidade garante que está a respeitar as orientações estipuladas para as instituições de ensino superior e explica que estes casos detectados ontem e hoje resultaram também do prolongamento da Época Especial até ao início deste mês. “Obrigou a que o período de renovação das inscrições se prolongasse muito para além do habitual, coincidindo com a altura em que os horários foram elaborados, sendo esse um factor que contribuiu fortemente para a dificuldade no apuramento dos inscritos nas unidades curriculares”. Segundo a reitoria, à medida que os problemas vão sendo detectados, vão sendo resolvidos.

Haverá aulas à distância, no caso dos docentes que pertencem a grupos de risco e nos casos em que a Instituição não dispõe de salas e/ou professores para desdobramentos de turmas. A Universidade vai procurar que os alunos não tenham no mesmo dia aulas à distância e aulas presenciais. Quando tal não for possível, pretende garantir aos alunos o tempo necessário para as deslocações até casa.

“Em casos de turmas pequenas, em que o docente de uma unidade curricular possa ter que leccionar as aulas à distância, procurar-se-á, quando possível, que os alunos permaneçam presencialmente na sala, e nesta recebam a aula leccionada à distância pelo professor”, adiantou ainda.

Quanto à questão do acesso, uma situação também reportada pela A AAUM, no primeiro dia de aulas a identificação manual gerou uma grande fila à entrada, mas por outro, a solução encontrada hoje pela UMa de entrada sem controlo dos novos alunos, também não se afigura melhor. A instituição respondeu que no primeiro dia procurou apurar a assiduidade dos estudantes e procedeu à identificação de todos os frequentadores do Campus da Penteada.

“Este controlo teve de ser feito manualmente para um número avolumado de estudantes que ainda não têm cartão de estudante, nomeadamente os novos, o que causou um normal congestionamento no acesso ao edifício originando uma fila, a qual foi respeitada por todos os envolvidos. Contudo, uma vez que os cartões de estudante demorarão ainda algum tempo a reitoria decidiu agilizar os acessos, sem deixar de ter a preocupação do controlo dos acessos ao edifício.” No fundo, pedem o cartão aos alunos que já o têm, mas não identificam os restantes. “Aos novos estudantes está sendo facilitado o acesso ao espaço, uma vez que a UMa possui o controlo dos horários e a lista dos inscritos nos cursos e nas várias turmas.” Garante ainda que procurará “no mais curto espaço de tempo possível”, fornecer os cartões de identificação a quem ainda não tem.

Estas situações não contribuem para uma boa imagem da instituição nos caloiros, acredita a AAUMa, tendo em conta os relatos dos que este ano ajudaram os mais novos.

Os embaixadores são o novo projecto criado pela AAUMa em parceria com a Direcção Regional da Juventude que prevê que estudantes já alunos da UMa há mais tempo recebam e orientem nos primeiros dias de aulas os estudantes recém-chegados à Universidade. Nesta primeira edição houve 78 alunos candidataram-se ao lugar, tendo sido escolhidos 35.

A AAUMa garante que estes facilitadores da integração dos caloiros só não fizeram mais porque não puderam e que apesar de não ter sido criado para contribuir para a boa imagem da UMa, acabaram por ter um impacto positivo também nesse aspecto.

Cátia Rodrigues foi uma das escolhidas. “Este programa é importante pois prioriza as necessidades do estudante e esclarece as dúvidas do mesmo”, diz a embaixadora. Alex Faria, outro aluno veterano, conta que além da recepção, criou um grupo virtual com todos os novos alunos de Engenharia, de forma a esclarecer dúvidas acerca do seu curso, da Universidade ou de qualquer outro assunto do Ensino Superior. “Penso que o nosso papel de embaixadores, no dia das matrículas, foi sem dúvida uma mais-valia para os novos alunos, uma vez que muitos deles se sentiam perdidos com tudo o estava a acontecer”, crê Inês Correia.

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