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Flashes

É preciso a cada um (o infinitivo de) colocar mão nisto com mais entrega, que este novo coronavírus veio infectar muitos e afetar todos, deitar abaixo as antigas racionalidades e desafiar o coletivo para uma briga sem tréguas. Evitar aglomerações, manter o distanciamento social, usar máscaras na rua e lavar as mãos várias vezes ao dia são recomendações que todos devem observar neste tempo de pandemia. A par disso, o aumento tanto quanto possível dos testes e as medidas de quarentena para os casos positivos, assim como de internamento para situações mais gravosas. Naturalmente que, devido ao alto índice da pobreza, as ações preventivas são mais custosas para uns do que para outros, mas para isso deve haver o Estado, concatenado à solidariedade social.

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Passada a pandemia, impõe-se-nos abordar com mais, muito mais, parcimônia e convicção a questão social. Impõe-se-nos não abrir mão do Estado Social, capaz de amparar todos. Com mais liberdade, igualdade, fraternidade. Solidariedade. Sim, é política. Estruturalmente, é política. Os direitos e os deveres sociais - políticos em toda a frequência -, também são constitucionais, turvando a democracia se negligenciados. O que mata mesmo, o dramático disto tudo – quando há pandemia, carestia, procela, seca, chuva e o que mais se imagina -, é a miséria. E a exegese coletiva não é só gerar a riqueza, mas geri-la, esbatendo a vulnerabilidade e combatendo a desigualdade.

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Que eu veja, antes de crer. E que eu creia, antes de querer. Querer, desejar, amar, com causa e consequência. O meu propósito não é a impertinência, nem o apedrejar a sombra. É apenas trazer a minha voz às outras vozes, quiçá mais consequentes e mais consistentes. Às vezes, ainda que chateie, uma pedrada espevita o charco...e é um bálsamo. Outras vezes, não tendo os dados de ajuizar e de gizar, questiono por inferência a excessiva realidade dos dias. Todavia, é ver além da espuma dos dias. Além mesmo da cortina de fumo. Na linha de São Tomé, preciso ver para crer...

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O poema é transbordamento. É sair das margens apertadas e aluviar o campo. É subtil, subtilissima, substantivação do que me desentranha. Alagar tudo de água, ora benta, ora precita, mas com lucidez estranha. Estranhamento quiçá...destas circunstâncias. O poema não se divorcia do acontecimento, ainda que anseie o infinito. E o poeta, como um albatroz, se pretende o príncipe das nuvens. Transbordando espaço e tempo.

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Por ser solitário, num exílio do corpo e num asilo da alma, não deixo de ser solidário. Dos meus poemas, mesmo aqueles que voam, pousam sempre numa ruína qualquer. Olho com desconforto para os deuses no Olimpo e com desconfiança para a unanimidade. Deixai que eu caminhe na contramão...entretanto, por cá, é Equinócio de Outono e, em poesia, valha-me uma saudação setembrina.

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