Artigos

O manifesto da vergonha

Apareceu, por aí, um “manifesto contra a obrigatoriedade da disciplina de Cidadania nas escolas” cujos subscritores principais são, nem mais nem menos, o anterior primeiro-ministro e o anterior presidente da República de Portugal. Cada um subscreve os manifestos que entende, é certo. Mas não deixa de ser grave que esse ‘manifesto’, e respetivos subscritores, pretenda limitar o acesso de muitos estudantes a uma disciplina fundamental para a sua formação pessoal e cívica. Dizer que os conteúdos constantes do programa desta unidade curricular “tem um vincado cunho ideológico”, além de falso, é uma estupidez monumental. A Educação para os Direitos Humanos e respeito pelas Liberdades Fundamentais, a Educação Ambiental, a Educação para a Saúde e Sexualidade, a Educação Intercultural, a Educação para a Segurança e Defesa Nacional, a Educação para a Igualdade de Género e a Educação que promova a tolerância, as práticas democráticas e a intervenção cívica são conteúdos trabalhados nas aulas de Cidadania que não são exclusivos da Esquerda ou da Direita. Apenas aqueles que querem continuar a cultivar uma política de intolerância e justificar posturas próximas de outros tempos de má-memória podem defender esse ‘manifesto da vergonha’. Claro que, quem não tem memória curta, recorda-se que Cavaco, em 1987, na qualidade de primeiro-ministro, mandou os representantes portugueses votar contra uma resolução, nas Nações Unidas, exigindo a libertação imediata e incondicional de Nelson Mandela, colocando o nosso país ao lado do Apartheid sul-africano. E não nos podemos esquecer que foi Passos Coelho quem iniciou, na atividade política, o ‘Voldemort chegófilo’. Quem procede como essas criaturas, atentando contra os Direitos Humanos e promovendo fascistas, é natural que, acompanhados por outros do mesmo calibre, queira acabar com tudo o que cheire a tolerância, a livre pensamento e respeito pelas liberdades fundamentais. Mas este ataque é, apenas, uma parte da agenda desta gente: chegará o tempo em que estas “almas caridosas” queiram acabar com a Filosofia e com todas as componentes do currículo que agucem o espírito crítico, dentro e fora das nossas escolas. É preciso lhes dar luta e deixar claro que… Não passarão!

Fechar Menu