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Desmantelada rede de tráfico ilegal de pessoas no Canal da Mancha

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Uma operação europeia desmantelou uma rede de tráfico ilegal de seres humanos que operava na zona marítima do Canal da Mancha, entre a costa francesa e a costa inglesa, tendo sido detidas 12 pessoas, foi hoje divulgado.

A Europol (Serviço Europeu de Polícia) e a Eurojust (Unidade de Cooperação Judiciária da União Europeia) informaram que esta operação, liderada por França, Reino Unido, Bélgica e Países Baixos, arrancou na passada segunda-feira.

No decorrer da operação, foram detidas 12 pessoas: dois suspeitos no território holandês, sete em França e outros três no Reino Unido.

As duas agências europeias precisaram ainda que foram apreendidos 12 veículos, 10 botes de borracha com motor, 152 coletes salva-vidas, uma caravana, um reboque de embarcações, joias, vários documentos e dispositivos móveis.

As autoridades envolvidas na operação também apreenderam cerca de 48 mil euros em dinheiro.

Segundo as duas agências europeias, ambas com sede em Haia (Países Baixos), esta rede era composta principalmente por cidadãos iranianos que viviam nos países envolvidos na investigação e que conseguiram "obter enormes lucros com o tráfico ilegal" de migrantes através de pequenas embarcações que faziam a travessia do Canal da Mancha.

Os suspeitos compravam os botes de borracha na Alemanha e nos Países Baixos, que posteriormente eram transportados para a zona do Canal da Mancha, de acordo com as mesmas fontes.

A partir daí, segundo relataram a Europol e a Eurojust, os traficantes, também conhecidos como passadores, davam instruções aos migrantes como manobrar os botes e cobravam uma média de 3.000 euros por pessoa para fazer a travessia ilegal entre a costa francesa e a costa inglesa.

"O transporte de migrantes em embarcações sobrelotadas, muitas vezes em condições meteorológicas muito difíceis, numa das rotas marítimas comerciais mais movimentadas do mundo, coloca em risco a vida dos migrantes, bem como dos agentes que realizam as operações de resgate no meio do mar", realçaram as duas agências europeias.

Também estiveram envolvidos nesta operação agentes da polícia federal belga, dos serviços de controlo da imigração do Ministério do Interior britânico e de várias unidades da polícia e dos serviços de imigração franceses.

O número de pessoas que tentam atravessar ilegalmente o Canal da Mancha, em muitos casos com recurso a embarcações frágeis e muito precárias, tem aumentado nos últimos meses, registando-se uma subida das intercetações em França e nas detenções de migrantes em situação irregular após a sua chegada às costas britânicas.

Desde 2018, mais de 4.600 migrantes em situação irregular foram detidos após a chegada à costa inglesa.

Na terça-feira, as autoridades francesas iniciaram em Calais (norte de França) o desmantelamento de um acampamento onde viviam cerca de 800 migrantes, a maior operação deste género desde 2016, quando foi evacuado outro acampamento que ficou conhecido como a "Selva".

"Queremos evitar qualquer concentração e um novo ponto de fixação em Calais e esta zona ficará inacessível", declarou na terça-feira o prefeito de Pas-de-Calais, Louis Le Franc, afirmando que esta operação era a mais "importante" desde "o desmantelamento" do campo que ficou conhecido como a "Selva", onde chegaram a viver cerca de 9.000 migrantes entre 2015 e 2016.

"A meu ver é, antes de mais, uma operação de abrigo. Os migrantes vivem neste espaço arborizado em condições extremamente difíceis. (...) Era importante tirar todos os migrantes antes (...) do período de inverno", indicou na mesma altura Louis Le Franc.

Os serviços estatais franceses estimam que 1.000 migrantes estejam em Calais na esperança de conseguir fazer a travessia do Canal da Mancha e alcançar o território britânico.

Para as associações locais dedicadas ao acolhimento de migrantes, esse número é superior e ronda as 1.500 pessoas.

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