Mundo

Maduro indultou presos políticos para criar condições eleitorais

None
Foto EPA

O Presidente Nicolás Maduro, disse terça-feira que concedeu o indulto presidencial a 110 pessoas, entre elas deputados opositores e presos políticos, porque quer "avançar" no diálogo e criar condições para as eleições legislativas venezuelanas.

"Aquele Maduro que passou por golpes, contragolpes, atentados com drones, que não se deixou pressionar por nada nem por ninguém, assinou o indulto para avançar no diálogo, na criação de condições que permitam a mais ampla participação eleitoral", disse.

Nicolás Maduro falava durante uma alocução transmitida em simultâneo e de maneira obrigatória pelas rádios venezuelanas, em que insistiu que "foi vítima dos ataques mais brutais" e acusou o Governo do Presidente dos EUA Donald Trump de colocar o preço de 15 milhões pela sua cabeça.

"Donald Trump aprovou que me matassem, não estou exagerando. Estão tentando comprar franco-atiradores para me matar. Ele não tem ética, é um homem da ultradireita", frisou.

Explicou ainda que foram indultados "mais de 100 líderes da oposição que estavam sendo julgados, detidos, alguns deles já fora do país por motivos relacionados com eventos políticos de conspiração e complot".

"Sei que muitas pessoas ficaram indignadas, mas entendam-me, peço-lhes compreensão. Eu sei o que estou fazendo. Peço a compreensão de todo o país, compreensão e apoio", frisou.

Maduro disse ainda "acreditar na paz, no diálogo" e que "por esse caminho iremos".

Por outro lado, anunciou que oito ministros do seu Governo vão separar-se dos seus cargos a partir de 5 de Setembro, para candidatar-se a deputados do parlamento.

Trata-se de Jorge Rodríguez (ministro de Comunicação e Informação), Blanca Eekhout (ministra das Comunas), Aloha Núñez (a ministra dos Povos Indígenas), Iris Varela (ministra de Assuntos Penitenciários) e Ásia Villegas do Ministério da Mulher.

Vão candidatar-se ainda o actual ministro da Juventude, Pedro Infante, Gabriela Peña de Agricultura Urbana e o almirante Gilberto Pinto, ministro do Desenvolvimento Ecológico.

"Eles vão para a batalha junto com o povo. Vão para a nova Assembleia Nacional para defender o poder popular, para assumir a sua liderança", disse.

As próximas eleições legislativas venezuelanas estão previstas para 6 de Dezembro, no entanto 27 partidos da oposição já anunciaram que não vão participar num processo que dizem ser "uma fraude eleitoral".

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, indultou na segunda-feira 110 pessoas, entre elas deputados opositores e presos políticos, incluindo o politólogo luso-venezuelano Vasco da Costa.

O anúncio foi feito pelo ministro venezuelano de Comunicação e Informação, Jorge Rodríguez, através do canal estatal Venezuelana de Televisão (VTV).

"A intensão principal é que os assuntos da Venezuela sejam resolvidos pelos venezuelanos, pelas vias pacíficas, eleitorais, constitucionais e democráticas", disse.

Entre os presos políticos estão vários colaboradores do líder opositor Juan Guaidó.

Desde Junho, o Supremo Tribunal de da Venezuela suspendeu a direcção dos partidos opositores Vontade Popular, Primeiro Justiça e Acção Democrática. Também de vários partidos afectos ao regime, entre eles Pátria para Todos e Tupamaro.

O STJ ordenou que fossem reestruturados e nomeou direcções provisórias para esses partidos.

A decisão foi classificada pela oposição como uma manobra de preparação "para uma nova farsa eleitoral", em que o regime decidirá quem preside aos partidos nas próximas eleições.

A Venezuela tem, desde Janeiro, dois parlamentos parcialmente reconhecidos, um de maioria opositora, liderado por Juan Guaidó, e um pró-regime, liderado por Luís Parra, que foi expulso do partido opositor Primeiro Justiça, mas que continua a dizer que é da oposição.

Fechar Menu