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Caracas acusa Grupo de Contacto de impor agenda à democracia

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Caracas acusou hoje o Grupo de Contacto Internacional (GCI), do qual Portugal faz parte, de reincidir na conduta de ingerência e de tentar impor uma agenda eleitoral contrária ao espírito democrático do povo venezuelano.

"Esse organismo indefinido reincide na sua permanente conduta de ingerência, origem e causa da sua pouca ou nenhuma utilidade, em relação aos objetivos enunciados desde a sua criação", afirma um comunicado do Ministério de Relações Exteriores (MRE) venezuelano.

O documento explica que "a sua mais recente declaração nada mais é do que uma compilação de insólitas intromissões, dissociadas da realidade venezuelana, para impor uma agenda contrária ao espírito democrático do povo venezuelano".

O GCI emitiu, na quinta-feira, um comunicado no qual diz que na Venezuela, "de momento, não se cumprem as condições para um processo eleitoral transparente, livre e justo" com relação às eleições parlamentares previstas para 06 de dezembro.

Segundo o GCI, a solução a crise venezuelana passa por "eleições legislativas e presidenciais livres, credíveis, transparentes e justas".

Para o MRE, o CGI "nada mais tem feito do que procurar alimentar tensões políticas na Venezuela e exacerbar posições extremistas desenfreadas, em linha direta com a política de agressão constante do Governo dos EUA".

"Nenhum dos países cujos governos participam desse extravagante grupo possui um sistema eleitoral tão robusto e seguro quanto a Venezuela", considera a diplomacia venezuelana, sendo que "nenhum deles pode oferecer garantias auditáveis ?tão extremas de participação e transparência como as que garante o poder eleitoral na Venezuela, ampliadas inclusive em diálogo permanente entre o Governo Bolivariano e fatores da oposição política nacional".

De acordo com Caracas, pretender que "o Estado venezuelano incorra em flagrante violação da letra de sua Constituição, promovendo o adiamento da data das eleições legislativas, constitui um gesto inaceitável, próprio (típico), no melhor dos casos, do desconhecimento das leis internacionais e da lei venezuelana".

"Apesar das acusações infundadas" sobre o sistema eleitoral venezuelano, "das grosseiras intromissões nos assuntos internos e do uso politizado de supostos relatórios de direitos humanos", a Venezuela faz um novo apelo aos Estados que integram o GCI para que se unam a "outros atores internacionais que decidiram contribuir positivamente, como geradores de confiança" e observadores desse exercício democrático.

Caracas avisa também que "nenhum mecanismo intergovernamental conseguirá impor uma agenda distinta daquela que o povo venezuelano se deu de forma soberana".

"A Venezuela preservará a sua soberania e independência contra qualquer interferência externa que busque afetar a paz nacional", conclui.

A marcação para 06 de dezembro das eleições parlamentares tem sido rejeitada por muitos setores da oposição venezuelana devido à falta de garantias de rigor, o que já levou a algumas acusações de fraude.

A Venezuela tem, desde janeiro, dois parlamentos parcialmente reconhecidos, um de maioria opositora, liderado por Juan Guaidó, e um pró-regime, liderado por Luís Parra, que foi expulso do partido opositor Primeiro Justiça, mas que continua a afirmar que é da oposição.

A crise política, económica e social na Venezuela agravou-se desde janeiro de 2019, quando Juan Guaidó se autoproclamou presidente interino do país.

Integram o GCI Argentina, Bolívia, Costa Rica, Equador, Panamá e Uruguai. França, Alemanha, Itália, Países Baixos, Portugal, Espanha, Suécia e Inglaterra também fazem parte do organismo, assim como a União Europeia.

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