Crónicas

Todos diferentes, todos iguais…

Não nos devemos deixar levar e muito menos instrumentalizar em relação ao discurso de ódio

A empresa italiana Benetton há-de representar para sempre um ponto de viragem na forma de comunicar uma marca no Mundo, por várias razões: A começar pela forma como incentivaram a união da cultura, das raças e dos povos através do seu “United Colors” ou Cores Unidas. Através desta simples frase, deram origem ao início do que foi a sofisticação da mensagem, seguindo um propósito de venda mas respeitando a responsabilidade social que nessa altura pouco passava da teoria. Na realidade esta marca de roupa marcou de forma indelével a modernização do marketing e é um caso de estudo paradigmático do que pode ser um caminho perfeito para chegar às pessoas. Que lhes leve ao subconsciente conceitos como a inclusão ou a igualdade que seja compatível com uma óbvia necessidade de vendas.

Mas também no combate ao ódio e à violência através de uma comunicação pacificadora mas impactante, que choca mas nos deixa a pensar, que não nos deixa indiferente e nos faz tomar posições. O posicionamento dos seus produtos, nos devidos mercados, foram de tal forma bem definidos que são hoje em dia uma lição de sucesso para quem começa a dar os primeiros passos na área. Quem não se lembra das famosas campanhas que começaram com crianças de diferentes cores até aos beijos na boca de políticos, ativistas e lideres religiosos? Na verdade existem duas formas de ultrapassarmos o racismo, na minha opinião: A sugerida pelo ator Morgan Freeman que disse que o racismo só acabaria quando terminássemos de falar dele ou a escolha da Benetton de o fazer de uma forma positiva e inclusiva tentando através de imagens apaziguadoras mostrar que a união entre pessoas de diferentes cores e credos não era assim tão impossível nem tão aberrante, mas sim normal e enriquecedora.

É por isso que nós sociedade, não nos devemos deixar levar e muito menos instrumentalizar em relação ao discurso de ódio que vemos, seja nas redes sociais ou nas diversas campanhas anti-racistas ou racistas. Não devemos dar voz a pessoas como Mamadou Ba que vivem da instigação do conflito e da confusão para supostamente se “alimentar” dessa mesma guerra, para ganhar dinheiro e viver à conta da mesma. Porque esses discursos inflamados só nos levam a extremar posições, a escolher lados, a enveredar por discursos sectários e perigosos. E o extremar de posições nunca é bom como se viu pela marcha anti-racista que levava no seu núcleo pessoas com cartazes a promover a morte de polícias como algo de bom, a provocar a anarquia e a rebelião. Da mesma forma que é péssimo por não gostarmos do discurso dos “Mamadou´s Bas” desta vida escolhermos a ponta oposta. De pessoas sem escrúpulos, que defendem a diferença de raças e pessoas, que alimentam o ódio e a violência, como essa Nova Ordem de Avis, movimento que se diz de Resistência Nacional mas que vem perigar os nossos conceitos e valores e a relação com os nossos Países Irmãos. Pessoas que se escondem atrás de piadas e preconceitos e na mínima oportunidade se revelam.

Mas temos de ser nós a saber distinguir o trigo do joio. A perceber que chegados a este século não há espaço para esse tipo de comportamentos ou de pensamentos divisionistas. Que a história não se apaga mas ensina-nos e dá-nos a oportunidade de escolher de forma diferente. Não deixem que vos usem para nos colocarem uns contra os outros. Com tantos problemas no Mundo temos é que estar unidos e solidários. Há por aí muita gente a falar de África sem sequer lá ter posto os pés. Enquanto não percebermos que ajudando-nos uns aos outros cresceremos de forma mais rápida e equilibrada não percebemos nada. Enquanto não fomentarmos a educação e a saúde nos Países mais pobres ajudando-os a criar as necessidades básicas, enquanto não nos misturarmos em vez de desenvolvermos guetos para onde empurramos os que não nos interessam, em vez de os integrarmos estaremos a fugir cobardemente aos problemas. Nós somos todos diferentes, cada um com a sua essência, mas devíamos ser todos iguais no respeito pela vida e na equidade de oportunidades. Só assim chegaremos mais longe.

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