>
Mundo

Bruxelas mais pessimista projecta recessão de 8,7% do PIB na zona euro

EPA/JOHN THYS

A Comissão Europeia reviu hoje em baixa as projeções para a economia da zona euro este ano devido à pandemia de covid-19, estimando agora uma contração de 8,7% do PIB.

Nas previsões intercalares de verão hoje publicadas, o executivo comunitário aponta que, "dado o levantamento das medidas de confinamento estar a ser levado a cabo a um ritmo mais gradual do que o assumido" nas anteriores projeções da primavera, há dois meses, "o impacto na atividade económica em 2020 será mais significativo do que o antecipado".

Assim, a Comissão, que em maio projetava para este ano uma contração, já recorde, de 7,7% do Produto Interno Bruto (PIB) no espaço da moeda única, prevê agora um recuo de 8,7%, apenas parcialmente compensado em 2021, com um crescimento de 6,1% (também uma revisão em baixa face à primavera, quando apontava para 6,3%).

Além deste agravamento das projeções, Bruxelas adverte que os riscos que as rodeiam "são excecionalmente elevados", ameaçando agravá-las.

Apontando que a escala e a duração da pandemia, assim como a eventualidade da necessidade de novas medidas de confinamento no futuro, permanecem basicamente uma incógnita, a Comissão aponta que as presentes previsões assumem que "as medidas de confinamento continuarão a ser suprimidas e que não haverá uma 'segunda vaga' de infeções".

"Há riscos consideráveis de o mercado de trabalho poder vir a sofrer mais prejuízos a longo prazo do que o previsto e de as dificuldades de liquidez poderem transformar-se em problemas de solvência para muitas empresas", indica Bruxelas, advertindo que "a estabilidade dos mercados financeiros está ameaçada e existe o perigo de os Estados-membros não conseguirem coordenar suficientemente as suas respostas estratégicas nacionais".

A Comissão alerta ainda para que "a incapacidade de obter um acordo sobre a futura relação comercial entre o Reino Unido e a UE poderia igualmente traduzir-se numa diminuição do crescimento, em especial para o Reino Unido".

"De um modo mais geral, as políticas protecionistas e um afastamento excessivo das cadeias de produção mundiais podem também afetar negativamente o comércio e a economia mundial", acrescenta.

Bruxelas sublinha que, nestas previsões, não leva em linha de conta a proposta da Comissão para um plano de recuperação, centrado num novo instrumento, o "Próxima GeraçãoUE" (o Fundo de Recuperação)," uma vez que ainda não foi acordado".

Caso haja acordo, algo que os chefes de Estado e de Governo vão tentar alcançar na cimeira agendada para 17 e 18 de julho, poderá então haver uma "evolução mais positiva", indica a Comissão, que, no campo dos "riscos positivos", aponta também para a possibilidade de ser desenvolvida e disponibilizada mais rapidamente do que previsto uma vacina contra a covid-19.

Relativamente à inflação, o outro indicador macroeconómico contemplado nas previsões intercalares da Comissão, Bruxelas indica que "as perspetivas globais pouco mudaram desde as previsões da primavera, embora tenham ocorrido alterações significativas nas forças subjacentes que determinam os preços".

"Embora os preços do petróleo e dos produtos alimentares tenham aumentado mais do que o previsto, os efeitos desta subida dos preços deverão ser compensados pelas perspetivas económicas mais desfavoráveis e pelo efeito das reduções do IVA e de outras medidas adotadas em alguns Estados-membros", sustenta.

Assim, prevê-se que a inflação na área do euro, medida pelo Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC), seja de 0,3% em 2020 e de 1,1% em 2021. No que respeita à UE, a inflação deverá atingir 0,6% em 2020 e 1,3% em 2021.

"O coronavírus causou a morte de mais de meio milhão de pessoas em todo o mundo, um número que continua a aumentar diariamente --- em algumas partes do mundo a um ritmo alarmante. Estas previsões revelam os efeitos económicos devastadores dessa pandemia", comentou hoje o comissário europeu da Economia, na apresentação das projeções de verão.

Segundo Paolo Gentiloni, "a resposta da política económica em toda a Europa ajudou a amortecer o golpe para os cidadãos, mas continua a ser uma história de divergências crescentes, desigualdade e insegurança".

"E é por este motivo que é tão importante alcançar rapidamente um acordo sobre o plano de recuperação proposto pela Comissão, a fim de injetar mais confiança e mais recursos financeiros nas nossas economias neste momento crítico", sublinhou.

Fechar Menu