Hoje abriram-se as portas do Céu. Celebramos a Solenidade da Ascensão do Senhor. Olhamos para o Alto perante um horizonte sem fim que nos recria a esperança. Os anjos, que apareceram aos discípulos de Jesus nesses momentos, referiram que era necessário agir, continuarem a Sua missão, deixarem de olhar para o Céu e colocarem mãos à obra difundir a Boa Nova. Jesus havia referido “Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos”. Por analogia veio-me à memória o período que vivenciamos. Difíceis sem dúvida, é preciso manter o entusiasmo, a fé e a esperança. Não deixar de todo morrer os nossos sonhos e aspirações. Vamos lutar para alcançar esse propósito apesar de todas as dificuldades com que nos iremos, certamente, confrontar. Falo por mim! Quando o governo autorizou a nossa deslocação, o meu maior sonho era ver o mar, caminhar à beira-rio, como outrora. E nos primeiros dias, o mais possível. Que bom! Receber o calor do sol, o cheiro a maresia, ver o horizonte infinito que lá ao longe parece unir-se ao céu, era bom demais. Percebi que, no inicio, estas caminhadas me consumiam quase toda a energia. Foi muito tempo de confinamento. Por fim, comecei a aperceber-me que não estava a trabalhar o suficiente. Era necessário retomar alguma normalidade. E assim foi. Comecei a gerir as caminhadas de modo a não me cansar tanto. Tudo tem o seu tempo. Durante as caminhadas sentia-me extremamente grata ao santo Padre, pelo modo como nos tem acompanhado nestes dias. Em particular, a missa diária transmitida da Capela da Casa de Santa Marta. Foi muito bom ter a presença de um pai espiritual a acompanhar-nos nestes dias tão complicados para o mundo, tornando-os mais leves. E o modo como concluiu foi impressionante, com a celebração do centenário de S. João Paulo II, um grande santo, um grande defensor da Família. Se Deus quiser, a curto prazo, as missas em Portugal irão recomeçar. Bem-haja Papa Francisco por todo o apoio que nos concedeu, tornando a Casa de Santa Marta e as suas reflexões um verdadeiro estímulo, um enorme contributo a nível mundial, no sentido de mantermos viva a fé, a esperança e a caridade, sempre atento aos problemas existentes e apelando à sua resolução. Torna-se necessário olhar para o futuro depois da pandemia. (encíclica Laudato Si). E no tweet de hoje o Santo Padre referiu: “Uma ecologia integral exige que se dedique algum tempo para recuperar a harmonia serena com a criação, refletir sobre o nosso estilo de vida e os nossos ideais, contemplar o Criador, que vive entre nós e naquilo que nos rodeia”.

Bem, resolvi interromper no sentido de fazer a minha caminhada. Como me soube bem no final sentar-me numa esplanada para me hidratar. Também para observar o movimento, quase inexistente durante a semana e agora ver muitas famílias a passearem com as crianças, com as suas bicicletas e patins. Também muitas BTT, casais, pessoas isoladas que aproveitavam um domingo solarengo. Via-se a felicidade estampada nos seus rostos por poderem usufruir deste dia depois dos dias de confinamento.

Não posso deixar de referir que hoje se celebra igualmente 0 54º Dia Mundial das Comunicações, dedicado este ano ao tema da narração. O Santo Padre enfatizou que este evento nos estimule a contar e partilhar histórias construtivas que nos ajudem a entender que todos fazemos parte de uma história maior do que nós mesmos e que podemos olhar para o futuro com esperança, se realmente nos preocuparmos uns com os outros como irmãos. Bem, tinha chegado o momento de regressar. Depois do almoço a minha neta vinha com o meu filho visitar-me. Passeámos um pouco. Fez questão de abraçar a vovó e de me mostrar a sua máscara nova para criança que se podia reutilizar. Como de costume vinha à procura de guloseimas. Recordou-me que se aproximava o Dia da Criança, dia 1 de Junho. E partiu feliz.

Fiquei a pensar que se aproximava o final do mês de Maio, mês consagrado à Virgem Maria. Sempre que possível vou fazer uma romaria a um Santuário Mariano. Este ano tinha pensado ir com a família ao Santuário de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, também conhecido como Solar da Padroeira, por ser Padroeira de Portugal e Nossa Rainha em 1646 pelo rei D. João IV. Fica a aguardar para quando for possível não só a romaria mas também uma narrativa sobre a sua riquíssima história. Maria torna-nos pessoas melhores, através da oração perseverante do rosário, enquanto manifestação de fé, de esperança e de caridade, concedendo-nos inúmeras graças. A sua intercessão junto de Jesus e a sua maternal proteção de que tanto carecemos nestes momentos conturbados e nos dias vindouros em que precisamos de manter vivo o nosso entusiasmo, a nossa fé e a nossa esperança.

Termino citando o Papa Francisco; “Queridos irmãos e irmãs. Contemplar juntos a face de Cristo com o coração de Maria, nossa Mãe, tornar-nos-á ainda mais unidos como família espiritual e ajudar-nos-á a superar esta provação. Eu rezo por vós, especialmente pelos mais sofredores, e vós, por favor, rezai por mim. Eu agradeço e abençoo-vos do coração”.