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Sem consumidores não pode haver economia

Infelizmente a nossa ilha tornou-se demasiado dependente do turismo e sofrerá dupla crise

Não poderia deixar de começar pelo tema da corrupção que voltou a ter grande destaque na C.Social com o caso BES onde tantos milhões foram desviados para alimentar as contas bancárias de 25 energúmeno sem vergonha e sem princípios morais. Até altas figuras da nação como Cavaco Silva, Carlos Costa e Passos Coelho negam envolvimento nas falcatruas mas não conseguem negar que incentivaram os portugueses quando disseram à C.Social que o BES era um Banco sólido .

Esta praga está cada vez mais disseminada na atual sociedade e já não há medidas que a consigam travar. Este crime,difícil de provar, será sem dúvida o cancro financeiro deste século uma vez que a nível moral já bateu no fundo.

Desculpem a minha ignorância mas nem fazia ideia que existia tanto dinheiro por esse mundo fora. Só dos cofres da UE, saem 750 mil milhões. Para Portugal são 45mil milhões e a Madeira também será contemplada com 1.7 mil milhões. Tantos milhões irão despertar muita cobiça e gerar mais corrupção. A grande incógnita é se este dinheiro, que se destina a um plano de recuperação económica, será bem utilizado trazendo retorno financeiro ou pelo contrário servirá para contrair mais dívida para empobrecimento das famílias? Depois de tantos milhões dou comigo a refletir; obrigam-nos constantemente a apertar o cinto tendo tanto dinheiro em cofre? Será que os governos e os grandes grupos económicos ainda não perceberam que se não houver consumidores não haverá economia. Esta pandemia mostrou isso claramente mas a ganância impediu-os de aprender a lição. Por outro lado, nem quero imaginar as “piranhas” a devorar os milhões provenientes da UE que em vez de colmatar os estragos causados pela pandemia Covid-19 irão engordar as contas bancários de muitos oportunistas. Muitos já estarão a afiar os dentes para abocanhar o bolo enquanto outros preparam-se para enfrentar miséria e mais carga fiscal, ou seja; os ricos ficam cada vez mais ricos e os pobres com as dívidas.

A corrupção é um polvo cujos tentáculos abraçam todas as áreas da sociedade, desde a política, à governação passando pelo social até a economia e alimenta-se sempre da mesmas vítimas, o povo, que não tem meios para escapar aos seus tentáculos, estrangulando-nos lenta e impiedosamente. Os encargos com os impostos e com o custo de vida irão paulatinamente aumentando porque nenhum país terá sistema financeiro que resista a tanto dinheiro roubado. E como o povo sustenta todo este sistema corrupto, por muito que desconte, nunca chega para fartar tanta vilanagem. Saliente-se que independentemente de legislação mais ou menos rigorosa nenhum país escapa a este flagelo. Já muita vezes as poucas pessoas sensatas e com visão de futuro alertaram para o capitalismo sem regras que está a dominar toda a sociedade mas a ganância é tanta que, aos (i)responsáveis, é mais cómodo “enterrar a cabeça na areia” e deixar andar. Acredito que, bem antes do que supomos, este sistema financeiro chegará ao ponto de rotura, tal como já acontece com o ambiente que agora os governantes já não conseguem reverter porque os grandes lobby não deixam.

Como se esta maldita pandemia não fosse suficiente junta-se o flagelo económico que está a provocar o colapso de muitas pequenas e médias empresas direta ou indiretamente ligadas ao turismo e o empurrão a muitos trabalhadores atirados para o desemprego com a consequente miséria das famílias.

Infelizmente a nossa ilha tornou-se demasiado dependente do turismo e sofrerá dupla crise, de consequências ainda imprevisíveis porque os rios de dinheiro gastos não tiveram em conta o sector primário e afins que nos permitisse alternativa. Adivinha-se muita gente de mão estendida à caridade sem que as instituições tenham capacidade de resposta.

Por cá, neste cantinho abençoado, os nossos governantes têm o sentimento de “guerra” tão enraizado que gastaram 300mil euros do Orçamento Regional para desenvolver o jogo de guerra e saque “do or Die” talvez a pensar numa “batalha” com Lisboa, mas como os nossos vasos de guerra estão na faina da pesca e os tiros são de pólvora seca o “inimigo nunca morre” Não fora o nosso dinheiro que está a ser esbanjado era caso para umas sonoras gargalhadas. Embora o sócio- gerente da “Azimuthstar”, empresa fornecedora do jogo, negue que tivesse intenção de obter, ilicitamente, fundos da região a verdade é que mais uma vez enfiamos o barrete e 300mil foram “queimados” em coisas supérfluas quando, embora não pareça, a região atravessa tanta miséria. As estúpidas e desnecessárias guerras com Lisboa estão a dar cabo da paciência dos madeirenses já que os problemas da região estão a passar para segundo plano e apenas se ouve as reivindicações, não pelo bem estar dos madeirenses mas por banais politiquices. Não tenham dúvidas que tudo isto é apenas a tentativa de reconquista das autarquias perdidas pelo psd-m, já nas autárquicas do próximo ano. Qualquer pessoa que fale em nome do psd-m, parece ter um “chip”implantado com a mesma gravação a maldizer Lisboa. A Madeira merece ser governada com responsabilidade e não com o único objetivo de ganhar eleições.

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