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O preço do dinheiro

Poderia trocar o título deste texto para “não há almoços grátis”, mas sigamos assim.

Tal como aqui defendi há dois meses atrás que, por força da pandemia, a União Europeia teria de encontrar uma condição excecional para esta situação excecional, é importante estar alerta com a solução encontrada do “Fundo de Recuperação”, ainda que a decisão e o formato final não estejam fechados e aprovados pelos 27 países.

A decisão sobre como os “fundos” e o os “apoios” a fundo perdido funcionarão, creio, será o principal facto que condicionará não apenas a política nacional como a economia e a sociedade portuguesa. Não nos enganemos; nenhum dinheiro vem da Europa sem que isso represente um conjunto de obrigações para Portugal.

Sobre se vamos voltar a ter “austeridade” ou não, deixo o tema para os eufemismos da política partidária. Certo é que importa compreender que sacrifícios terão de ser feitos novamente para podermos dinamizar a economia sem desequilibrar as contas públicas. A verba a que Portugal poderá ter direito (noticiada como mais de 25 mil milhões do Fundo de Recuperação) terá de ser solicitada por cada Estado-membro através de um plano de recuperação e resiliência a apresentar até abril de cada ano, especificando os investimentos e reformas que conciliem as prioridades do país com as da Comissão Europeia. E é aqui que mora o perigo; foi com “reformas estruturais” anunciadas que na última crise – primeiro financeira e depois económica – se cortaram pensões, retiraram subsídios de férias e se fez “um enorme aumento de impostos”, nas palavras do então ministro das Finanças.

Não deixo de ser europeísta convicto, mas os tempos vão mostrando que ninguém tem a sua vida, nem nada dela, assente em terra firme. Navegamos solitários.

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