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Um tempo sem espera

Por estes dias, é muito difícil falar de outra coisa que não seja a pandemia que nos abalou a vida e o quotidiano. Cada um de nós sentiu e foi tocado, em diferentes planos e com distintos graus de intensidade, pela pandemia e pelas consequências pessoais, sociais e económicas.

Ao nível das organizações políticas, esta pandemia representou um desafio inesperado e que exigiu respostas rápidas e eficazes. Foi preciso acelerar e simplificar procedimentos, porque as necessidades surgidas não se compadecem com tempos de espera.

Estamos perante um tempo em que não se pode esperar, em que a ajuda tem de responder à emergência, tal como a emergência das ações tem de corresponder à necessária contenção da pandemia.

A pandemia social exige respostas tão rápidas como a pandemia do vírus. Quem ficou sem rendimento, sem trabalho, quem viu reduzido o seu salário e com ele foi lançado na impossibilidade de fazer face aos dias e às necessidades familiares não tem como esperar pela ajuda.

A Câmara de Santa Cruz percebeu esta urgência logo que foi declarado o Estado de Emergência. Pelas ruas eram muitos os que me abordavam ainda incrédulos com a crise inesperada que lhes tinha batido à porta e trocado as voltas programadas da vida. Senti a aflição, a vergonha de quem se viu, repentinamente, atirado para as listas da ajuda pública. Senti a tristeza de quem viu o futuro perder-se entre os dedos das mãos subitamente vazias.

Este 505º aniversário de Santa Cruz, que ontem se assinalou, está povoado com este peso que sinto pelas pessoas, pelas suas perdas, pelas suas vidas subitamente alteradas.

Mas também ficará marcado pela capacidade que tivemos de responder, de não largar a mão de ninguém. São mais de 500 famílias que estão a receber cabazes alimentares todos os meses. São mais de uma centena de crianças do primeiro ciclo que receberam tablets que lhes permitem aceder à nova realidade da escola online.

Paralelamente, reabrimos todos os programas do nosso Fundo Social de Emergência.

Não sei, como ninguém sabe, o que nos espera o futuro. Não sei, e ninguém sabe, o que ainda nos espera em termos de saúde para enfrentar este vírus.

Sei apenas que este tempo não se compadece com esperas nas ajudas que são necessárias. Continuarei, com a minha equipa, a trabalhar para dar continuidade a uma resposta rápida e eficaz.

Este pode ser um tempo sem lugar a espera, mas, juntos, teremos a força necessária para esperar um tempo melhor.

Que para o ano possamos estar juntos e festejar Santa Cruz.

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