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Madeira

São importantes os “remendos” mas depois “temos de reconstruir o tecido social”

Bispo do Funchal garante que a Cáritas tudo fará para ajudar todos quantos a procurem nesta crise da pandemia da covid-19

Foto Amílcar Figueira/ALRAM
Foto Amílcar Figueira/ALRAM

O Bispo do Funchal elogiou a iniciativa do Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira que, com o projecto ‘Parlamento Social’ revela estar atento aos problemas sociais na Região, e que “agora começaram a ser sentidos e que vão agravar-se” com maior ênfase dada a crise da covid-19.

Para D. Nuno Brás há a “percepção clara” de quem anda no terreno de que “estamos agora no início”, prometendo “fazer tudo o que está ao nosso alcance para que todos estes problemas sociais que vão surgir, sejam minorados. Não vão desaparecer, mas que sejam minorados naquilo que está ao nosso alcance”.

Nesse sentido, a Cáritas Diocesana do Funchal, que engloba um conjunto de IPSS na linha da frente para ajudar a levar os apoios do Programa de Emergência regional (que disponibiliza cinco milhões de euros nesta fase), além dos seus projectos e apoios, “continuará sempre a desenvolvê-los, no sentido de que, quem não for elegível para este, possa ter acesso a outras ajudas para solucionar esta emergência”, reconhecendo que estas soluções serão “sempre remendos”, pelo que “aquilo que precisamos é de reconstruir o tecido social, mas esse ainda vai demorar algum tempo. Não vamos desistir dele, temos de o repensar e se preciso corrigir alguns erros que tenham sido cometidos no passado”, disse.

Cáritas ajuda em permanência

A receber o Bispo do Funchal, bem como José Manuel Rodrigues, esteve o presidente da Cáritas do Funchal, Duarte Pacheco, lembrou que a acção da instituição é “permanente”, pois acontece ao longo do ano, ou seja durante “365 dias por ano temos a missão de ajudar quem nos procura”.

Englobada no projecto de emergência social, a Cáritas teve de se “adaptar à nova realidade e acolher as pessoas da melhor forma e passar a informação o mais correcta possível”, por ser um fundo com “um grau de exigência” por ser tratarem de verbas públicas que exigem alguma burocracia, embora sempre com visão sobre o apoio às pessoas.

O responsável lembra que a Cáritas recebeu 500 mil euros e apesar de ter vocação de apoio na área alimentar, mas uma vez que o Programa de Emergência visa apoios noutras áreas, procuram canalizar as pessoas para outros programas, inclusive um da Cáritas Portuguesa.

Com sete processos já finalizados e, a maioria na freguesia da Sé, e outros em estudo, o programa que é “muito bem pensado”, elogia Duarte Pacheco, aponta a apoios que incidem na alimentação e o bem-estar das famílias, produtos de higiene, pagamento de rendas não sociais, pagamento de propinas a estudantes fora da Região, pagamento das rendas desses alunos”. E aponta casos que, não se enquadrando, merecem atenção devida: “Pessoas que vivem de arrendamento, mas não têm o contrato em seu nome.”

Ainda no início, tendo executado menos de 800 euros da verba, o responsável afiança que a na última semana os pedidos têm aumentado, depois de um início com poucos interessados, mas ainda há um prazo até 31 de Dezembro de vigência do projecto e dos apoios, com a possibilidade de haver uma extensão no tempo. “Esperemos que seja necessário até 31 de Dezembro, mas não sabemos como será” o impacto da covid-19 na Madeira.

Com responsabilidade de apoiar quem precise nas freguesias da Sé, Santa Maria Maior e Santa Luzia, Duarte Pacheco lembra que este fundo destina-se sobretudo a “uma classe que normalmente não necessitava de apoio”, reconhece “um pouco de vergonha pessoal”. E garante: “Ninguém gosta de dizer que sente dificuldades, mas as pessoas têm de procurar a ajuda. Nós garantimos sigilo máximo, pois são dados pessoais e a vida particular de cada um que tem de ser respeitada. O dinheiro já está na conta da Cáritas, já efectuamos pagamentos. Somos um instrumento para chegar às pessoas, o dinheiro não é nosso, temos as nossas verbas próprias, fruto de donativos e que estão disponíveis para acudir a toda a gente, seja quem seja, raça, religião.”

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