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Madeira

Câmara do Funchal aprova voto de pesar pelo falecimento de Maria Velho da Costa

A Câmara Municipal do Funchal aprovou um voto de pesar pelo falecimento de Maria Velho da Costa, nome maior da literatura e do pensamento em Portugal, o qual será ratificado na próxima Reunião de Vereação.

O Executivo Municipal regista, com profunda tristeza, o falecimento de Maria Velho da Costa, dirigindo à família enlutada os mais sinceros pêsames, e relembrando o seu profundo e relevante contributo para o desenvolvimento cultural e político em Portugal. A Autarquia compromete-se, deste modo, a manter viva a sua obra literária, o contributo para o enriquecimento da vida política em Portugal, e a sua luta pelos direitos da mulher e pela igualdade.

Maria de Fátima de Bivar Moreira de Brito Velho da Costa nasceu em Lisboa, a 26 de junho de 1938 e faleceu, também em Lisboa, no passado dia 23 de maio. Considerada uma das vozes renovadoras da literatura portuguesa, recebeu numerosos prémios do PEN Clube e da Associação Portuguesa de Escritores (APE), destacando-se, ainda, o “Prémio Vergílio Ferreira”, em 1997, pelo conjunto da sua obra literária.

Em 2002, foi-lhe atribuído o “Prémio Camões”, pela sua “inovação no domínio da construção romanesca, no experimentalismo e na interrogação do poder fundador da fala” e ainda por representar a capacidade de trabalhar a linguagem, de desafiar modelos dominantes e de afirmar a força da mulher. Em 2013, recebeu o “Prémio Vida Literária” da APE.

No discurso de aceitação, afirmou que a literatura não é só “uma arte, um ofício”, mas também “a palavra no tempo, na história, no apelo do entusiasmo do que pode ser lido ou ouvido, a busca da beleza ou da exatidão ou da graça do sentir”. Afirmou ainda que “os regimes totalitários sabem que a palavra e o seu cume de fulgor, a literatura e a poesia, são um perigo. Por isso queimam, ignoram e analfabetizam, o que vem dar à mesma atrofia do espírito, mais pobreza na pobreza.”

A Autarquia destaca que foi contra esta tendência de atrofia que Maria Velho da Costa sempre lutou e que o seu percurso literário está interligado com a assumida defesa dos direitos das mulheres e da condição feminina, pondo em causa os valores e os costumes que as oprimem, como aconteceu, em especial, com a denúncia à repressão e à censura durante o Estado Novo, com obras que tiveram um enorme impacto dentro e fora de Portugal.

Ao longo da sua vida pública desempenhou, igualmente, diferentes funções oficiais no âmbito da Cultura: integrou o Governo de Maria de Lurdes Pintassilgo como secretária adjunta da Cultura em 1979, foi adida cultural na embaixada portuguesa em Cabo Verde (1988-1991) e pertenceu à Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. Pela sua notável carreira literária e de defesa dos direitos humanos, Maria Velho da Costa foi também galardoada pelo Estado Português, em 2003, com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e, em 2011, com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade.

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