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Globovisión suspende programa de opinião por pressão de Nicolás Maduro, afirma produtor

Foto EPA
Foto EPA

A estação de televisão venezuelana Globovisión, um dos canais sancionados pelos EUA, suspendeu hoje o programa de televisão “Vlamidir a la una” (Vladimir à 1) por alegadas pressões do Governo do Presidente Nicolás Maduro, anunciou hoje o produtor.

O programa de opinião “Vlamidir a la una” era produzido pelo conhecido jornalista Vladimir Villegas que, entre 2003 e 2004, presidiu ao principal canal de televisão estatal, o Venezuelana de Televisão VTV e é irmão do ministro de Cultura, Ernesto Viegas.

“Estimados amigos. Lamento anunciar que ‘Vladimir a la una’ não estará mais no ar na Globlovisión. O Governo de Nicolás Maduro pressionou a minha saída. Agradeço aos telespetadores por me acompanharem durante sete anos”, escreveu Vladimir Viellagas na sua conta na rede social Twitter.

O jornalista promete “falar amplamente” sobre a suspensão do programa “através das redes sociais” e anunciou que vai passar a estar em direto nas plataformas Facebook e Youtube.

A saída do programa da grelha ocorre depois de o jornalista entrevistar, na segunda-feira, a professora de Comunicação Social e militante do partido COPEI (democracia cristã) Mercedes Malavé, que falou sobre os regimes autoritários.

A suspensão foi questionada pelo Colégio Nacional de Jornalistas (CNP), entidade responsável pela atribuição da carteira profissional na Venezuela, que denuncia censura crescente no país.

“Menos programas de opinião, mais censura. Um novo atentado contra a liberdade de informação e de opinião. Solidários com Vladimir”, publicou o CNP na sua conta no Twitter.

Vários jornalistas venezuelanos têm denunciado pressões do Governo sobre as linhas editoriais das estações de rádio e de televisão do país, que terão levado ao encerramento de vários programas.

Em várias oportunidades, o jornalista afeto ao regime Walter Martínez denunciou ter tido de suspender o seu programa “Dossier”, transmitido na estatal VTV.

Defensor da revolução bolivariana iniciada pelo antigo chefe de Estado Hugo Chávez (presidiu o país entre 1999 e 2013, tendo morrido neste ano), Walter Martínez questionou recentemente as políticas de Nicolás Maduro, nomeadamente a económica e salarial, durante a pandemia de covid-19.

Em 19 de maio, mais de 2,5 milhões de famílias venezuelanas viram suspenso o serviço de televisão por satélite da Directv, devido a uma decisão da norte-americana AT&T de suspender esse tipo de serviço na Venezuela.

A decisão teve a ver com a imposição de sanções pelos EUA contra o Governo venezuelano e o cumprimento da licença local de operação que exigia que fossem transmitidos os canais Globovisión e Pdvsa, sancionados por Washington.

“Sendo impossível para a nossa unidade Directv cumprir os requisitos legais de ambos os países, a AT&T é forçada a encerrar as suas operações de televisão paga na Venezuela, uma decisão tomada pela equipa de liderança da empresa nos EUA”, justifica a operadora, num comunicado.

A suspensão que, segundo a imprensa local, afeta pelo menos 10 milhões de pessoas, apanhou os venezuelanos de surpresa, entre eles portugueses, que deixaram de poder ver a emissão internacional do canal público português RTP Internacional.

Nos últimos meses, a AT&T teve de suspender as emissões por cabo de cerca de 10 canais de televisão, entre eles a norte-americana CNN, na sua versão em espanhol, que o Governo venezuelano acusou de transmitir imagens de manifestação contra o regime.

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