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Demitem-se dois assessores de Guaidó acusados de conspirar contra Maduro

O líder opositor venezuelano, Juan Guaidó, anunciou hoje que dois dos seus assessores políticos pediram a demissão, depois de o regime os ligar à frustrada invasão marítima de 03 de maio último.

Trata-se do deputado Sérgio Vergara e do estratega político Juan José Rendón (conhecido como JJ Rendón), ambos acusados, pelo regime do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de estarem ligados à empresa de segurança privada norte-americana Silvercorp.

JJ Rendón é ainda acusado de ter pagado 50 mil dólares (cerca de 46 mil euros) e assinado um pré-contrato com um antigo veterano do Exército dos EUA, Jordan Goudreau, com experiência em operações no Iraque e no Afeganistão, para impulsionar a Operação Gedeón e capturar Nicolás Maduro.

Trata-se de um acordo que o próprio JJ Rendón admitiu, numa entrevista recente à CNN em Espanhol, ser preliminar e que não chegou a ser efetivado porque não foi aprovado pela oposição.

Nas cartas, cujos pedidos de demissão foram aceites por Guaidó, ambos ratificam o apoio, lealdade e admiração ao líder opositor, e dizem afastar-se dos cargos para não afetarem a luta para restituir a democracia na Venezuela, país onde dizem ser preciso um governo de emergência nacional.

JJ Rendón declarou ainda que “o que acontece na Venezuela não é a clássica confrontação política de qualquer sociedade democrática que pode dirimir as suas diferenças através de diálogos, negociações ou os meios eleitorais convencionais”.

“O caráter autoritário e criminoso dos que usurparam o poder para tiranizar o povo e que hoje o mundo inteiro conhece em pormenor impõe a busca de cenários e estratégias alternativas às já aprovadas sem sucesso em anos anteriores”, adiantou.

“Para mim a única e absoluta prioridade é o fim da narcoditadura e a recuperação da República, hoje sequestrada por um conglomerado criminoso narcoterrorista com ligações internacionais”, explicou o ex-estratega político de Guaidó.

Segundo JJ Rendón, “a Venezuela está sequestrada por um grupo criminoso, invadida por forças estrangeiras, como Cuba, Rússia, Irão e China”, além de “elementos terroristas” das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, do Hezbollah e do Exército de Libertação Nacional da Colômbia.

“Enfrentar uma situação desta gravidade impõe novos métodos de luta e estratégias contundentes”, defendeu.

JJ Rendón acrescentou “ter cumprido com o dever de estruturar cenários” e que continuará a ser um defensor dos direitos humanos e do direto dos povos a viver em democracia.

Já o deputado Sérgio Vergara referiu que “todas as opções estão sobre a mesa” e garantiuque não participou na chamada Operação Gedeón, que desconhecia por completo.

“De forma mal-intencionada, documentos exploratórios foram usados para tratar de estabelecer vínculos com a empresa que organizou tais eventos com os quais surpreenderam jovens patriotas numa covarde emboscada para detê-los e assassiná-los”, explicou.

Pelo menos 45 pessoas foram detidas por alegadamente estarem envolvidas numa tentativa de invasão falhada da Venezuela, ocorrida em 03 e 04 de maio.

Entre os detidos estão dois antigos soldados norte-americanos, Luke Denman e Airan Berry, acusados de “terrorismo, conspiração, tráfico de armas de guerra e associação de malfeitores”, que arriscam 30 anos de prisão.

Vinte e nove venezuelanos foram igualmente acusados de “conspiração com Governo estrangeiro”, nomeadamente os Estados Unidos e a Colômbia, além de outros crimes.

Entre os detidos está também Alcalá Cordones, sobrinho do antigo general venezuelano Clíver Alcalá, a quem as autoridades venezuelanas acusam de ter planeado os ataques e de estar envolvido no tráfico de droga.

Cordones foi um colaborador próximo de Hugo Chavéz, ex-Presidente venezuelano, que morreu em 2013, tendo-se distanciado de Nicolás Maduro, no poder desde a morte de Chavéz.

O Governo venezuelano compara a frustrada invasão marítima da Venezuela à tentativa de invasão da “Baía dos Porcos”, em Cuba, em 1961.

A crise política, económica e social na Venezuela agravou-se desde janeiro de 2019, quando o presidente do parlamento, Juan Guaidó, jurou assumir as funções de presidente interino do país até convocar um governo de transição e eleições livres e democráticas no país.

Guaidó conta com o apoio de quase 60 países.

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