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Casos positivos em Itália “são 10 ou 20 vezes mais”

Foto EPA
Foto EPA

Os casos positivos do novo coronavírus, que segundo os dados oficiais superam os 200.000, “são 10 ou 20 vezes superiores”, indica hoje um estudo de especialistas epidemiológicos segundo o qual o Governo de Roma tem baseado a atuação sanitária.

“Atualmente, entre 3% a 4% da população pode estar infetada, o que equivale a dizer quatro milhões de pessoas, pelo que o número de casos positivos capazes de transmitir a infeção devem multiplicar-se por 10 ou 20. Estamos a falar de números muito maiores”, explicou Stefano Merler, da Fundação Bruno Kessler.

O estudo da fundação foi elaborado em conjunto com o Instituto Superior de Saúde (ISS) italiano, documento que vai servir de base para o Governo italiano começar a abrandar as restrições, de forma faseada, a partir de 04 de maio.

Segundo Merler, que falava na conferência de imprensa semanal que se realizou no ISS, as pessoas infetadas com a covid-19 mas assintomáticas podem atingir valores entre os 4% e os 7% da população.

E é com base no estudo que o Governo de Giuseppe Conte pretende começar a aligeirar as medidas de restrição a partir de 04 de maio, com a abertura das atividades industriais que, estima o executivo, permitirá o regresso ao trabalho de cerca de 4,5 milhões de pessoas.

Adiada foi a abertura, já reclamada por vários setores, de estabelecimentos comerciais, restaurantes e serviços, como salões de beleza.

Face às recomendações do estudo, o Governo decretou, entretanto, o encerramento definitivo de todas as escolas até ao próximo ano letivo.

Para Merler, se as escolas reabrissem agora, a taxa “R”, o termo epidemiológico que define o número de pessoas que um infetado pode contagiar, passaria do atual, inferior a 1 em todas as regiões, para 1,3.

“A curva da epidemia de covid-19 continua a diminuir substancialmente no número de sintomas e casos em todas as regiões”, afirmou o presidente do ISS, Sílvio Brusaferro, dando sequência aos alertas de Merler.

“As pessoas têm de saber, porém, que estamos no meio da epidemia e que o vírus continua a circular, embora se tenha registado uma diminuição de casos e de doentes nos cuidados intensivos”, acrescentou.

Brusaferro sublinhou que Itália está “ainda muito longe” da chamada “imunidade de grupo”, que geralmente ocorre quando cerca de 60% da população está afetada.

Segundo o presidente do ISS, a instituição calcula, por outro lado, que das mais de 27.000 pessoas que morreram devido ao novo coronavírus, “84% sofriam de mais de duas ou de três doenças”.

Brusaferro explicou ainda que as crianças menores de 15 anos “são 66% menos suscetíveis” a contrair o vírus do que os adultos entre os 15 e os 65 anos, enquanto os “adultos maiores de 65 anos são 47% mais suscetíveis de que os indivíduos na faixa etária entre os 15 e os 64”.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 227 mil mortos e infetou quase 3,2 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Cerca de 908 mil doentes foram considerados curados.

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.

Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos a aliviar diversas medidas.

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