O médico congolês e Prémio Nobel da Paz, Denis Mukwege, defendeu hoje o confinamento dos maiores de 60 anos e o uso obrigatório de máscara para evitar a propagação da covid-19 na República Democrática do Congo.

Mukwege, de 65 anos, ginecologista, fundou e dirige o Hospital de Panzi, em Bukavu, na República Democrática do Congo (RDCongo), onde já foram tratadas, desde 1999, mais de 50 mil vítimas de agressões sexuais.

O médico, que em 2018 viu o seu trabalho reconhecido com o Prémio Nobel da Paz, recomendou “um confinamento parcial das pessoas com mais de 60 anos e que correm mais riscos”.

“Tal permitirá proteger os mais frágeis que são os mais expostos a complicações mortais”, disse, durante uma conferência de imprensa em Bukavu, capital da província do Kivu do Sul.

O médico sustentou que o confinamento geral “será difícil” de concretizar no país porque “grande maioria da população não tem habitações espaçosas ou salubres e são forçadas a sair todos os dias para encontrar o que comer”.

Nomeado pelas autoridades para coordenar a resposta ao novo coronavirus na província do Kivu do Sul, Mukwege recomendou também o uso obrigatório de máscara para toda a população a fim de “quebrar a cadeia de transmissão de covid-19”.

“A nossa sorte reside na juventude da nossa população, 95% da qual tem menos de 60 anos”, disse.

A República Democrática do Congo declarou 307 casos de covid-19 e 25 mortes desde o anúncio da pandemia em 10 de março.

A maioria dos casos localizam-se na capital, Kinshasa (295).

O bairro de Gombe, onde se localizam as instituições governamentais, bancos e embaixadas e apontado como o epicentro da epidemia, está em confinamento desde 06 de abril.

De acordo com a atualização mais recente dos dados feita pelo Centro para Prevenção e Controlo de Doenças da União Africana (Africa CDC), o continente regista 1.025 mortes provocadas pela covid-19, num total de 20.270 casos registados da doença.

Mais de 4.700 doentes foram dados como recuperados.