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Grupo armado condiciona abastecimento de água a libertação de prisioneiros

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O grupo armado que há uma semana invadiu a central de Shwrif, impedindo o fornecimento de água para o oeste da Líbia, exigiu hoje a libertação de vários prisioneiros para abandonar esta estação de abastecimento de água.

Num comunicado divulgado pelos media locais, a milícia garante que está pronta para permitir o abastecimento de água temporariamente, enquanto as autoridades aceleram o procedimento para a libertação dos seus membros que estão presos.

O encerramento da central, que ocorreu na segunda-feira passada, deixou sem água a maior parte de Trípoli, Tarhouna, Bani Wali e as cidades das montanhas de Nafusa, no oeste da Líbia, informaram as autoridades responsáveis pelo abastecimento de água.

No sábado, as Nações Unidas já haviam alertado sobre os mais de dois milhões de líbios que estão a sofrer cortes de água e eletricidade na capital, Trípoli, e arredores.

Com o país em conflito armado, a Líbia tem de combater a pandemia da covid-19, pelo que “o acesso à água e à eletricidade é mais vital do que nunca”, disse no sábado o coordenador humanitário da ONU na Líbia, Yakoub El Hillo, denunciando os cortes de energia.

A Líbia registou 25 casos de covid-19 e uma morte, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Mais de dois milhões de pessoas, incluindo 600.000 crianças, que vivem em Trípoli, nos subúrbios da capital e cidades vizinhas, sofrem um corte de água há quase uma semana”, declarou ainda no sábado Yakoub El Hillo.

A capital da Líbia está a passar desde o fim de semana pela fase mais severa e desumana do cerco a que está sujeita pelas forças do marechal Khalifa Haftar, líder do governo não reconhecido no leste país, estando sem água, mas também sem gás e eletricidade, com combates diários e o risco de contágio da covid-19.

Haftar, que tem o apoio da Rússia, Arábia Saudita, Jordânia, Egito e Emirados Árabes Unidos, lançou a sua ofensiva em 04 de abril do ano passado.

Nesse momento, o secretário-geral da ONU, António Guterres, estava a visitar Trípoli, para tentar revitalizar o processo de paz.

Mergulhado no caos desde a queda do regime de Muammar Kadhafi em 2011, o país está dividido hoje por uma luta de poder entre o Governo de União Nacional (GNA), com sede em Trípoli, e o marechal Khalifa Haftar.

O GNA, reconhecido pela ONU, controla o oeste do país, incluindo Trípoli. Em abril de 2019, o marechal Khalifa Haftar lançou uma ofensiva para invadir Trípoli e os combates ainda estão presentes junto às portas da capital.

Neste âmbito, o GNA acusou os apoiantes de Haftar de estarem por trás dos cortes de eletricidade e água.

Nos últimos anos, grupos armados liderados por senhores da guerra locais, também interromperam o fornecimento de petróleo no oeste do país, para tentar pressionar o governo apoiado pela ONU em Trípoli.

O conflito causou já quase 1.700 mortes - mais de 150 delas nesta semana -, cerca de 17.000 feridos e mais de 150.000 deslocados internos.

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