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Unidades hoteleiras vão ficar “no limite da viabilidade”, alerta a Associação da Hotelaria de Portugal

Devido ao impacto da covid-19, a quebra na facturação vai ultrapassar os 30% no final do ano.

EPA/RUNGROJ YONGRIT
EPA/RUNGROJ YONGRIT

O presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) estimou hoje que metade dos hotéis estejam encerrados na próxima semana e que, devido ao impacto da covid-19, a quebra na facturação atinja os 30% no final do ano.

“Entre abril e junho, a facturação será cerca de 20% da habitual, o que, no final do ano, [vai representar] uma quebra de 30%”, uma realidade agravada pela redução do tráfego aéreo, afirmou Raul Martins, em declarações à Lusa.

De acordo com este responsável, as unidades hoteleiras vão ficar “no limite da viabilidade”, com uma difícil situação de equilíbrio, devido à redução do volume de negócios e da ocupação.

Conforme explicou Raul Martins, nos últimos tempos, a situação “agravou-se substancialmente”, com vários hotéis a encerrarem e os que permanecem abertos a registarem uma taxa de ocupação abaixo dos 15%.

“É uma situação que prevemos que se mantenha até ao final da pandemia, o que, se compararmos com a China, durará três meses. Só no final de maio poderemos começar a registar a inversão desta tendência e antes de julho não estaremos a reabrir hotéis”, notou.

Apesar de ainda não ter os dados fechados, a estimativa da AHP aponta para que, até ao final da próxima semana, 50% dos hotéis estejam encerrados, com principal destaque para os distritos de Lisboa e do Porto.

As unidades que permanecem abertas já adoptaram, há, pelo menos, duas semanas, medidas excepcionais, como o reforço da limpeza, redução do horário e capacidade dos restaurantes e bares e controle da temperatura dos empregados e, pontualmente, dos clientes, referiu.

Caso seja detectado um caso de infecção, segundo as orientações da Direcção-Geral da Saúde (DGSI, o cliente tem de ser confinado ao seu quarto até à chegada da ambulância.

Até ao momento, apenas foi detectado um caso num hotel, na Madeira.

Já sobre as medidas adoptadas pelo Governo para travar a propagação e o impacto do novo coronavírus, Raul Martins disse que estas “possibilitarão a manutenção da viabilidade das empresas”.

Para o presidente da AHP, todos os apoios que o executivo e a banca puderem avançar, em termos de tesouraria, serão “muito importantes”.

Este responsável vincou também que o sector já está habituado a enfrentar crises, como a financeira, que decorreu entre 2008 e 2012, acrescentando que espera que esta, apesar de “mais forte e penalizante”, possa correr num menor período temporal.

“Sendo num período mais curto, podemos voltar à normalidade, manter a viabilidade e impedir a falência de empresas de hotelaria, concluiu.

Na quarta-feira, o Governo anunciou medidas de apoio às empresas que garantem aumento de liquidez próximo dos 9.200 milhões de euros, dos quais 5.200 na área fiscal, 3.000 na de garantias e 1.000 na contributiva.

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