Madeira

Continuam a faltar assistentes nas escolas, sobrecarregando professores

Reforço da denúncia do Sindicato dos Professores da Madeira na celebração do seu Dia Mundial

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O Sindicato dos Professores da Madeira (SPM) asinala hoje o Dia Mundial do Professor num evento com as limitações que a pandemia de covid-19 obriga e no qual denunciaram aquilo que entendem ser, neste momento, o principal problema das escolas no retomar das actividades lectivas presenciais, a falta de assistentes operacionais que acaba por sobrecarregar o trabalho dos docentes.

De acordo com Francisco Oliveira, presidente da direcção do SPM, "os problemas estão a acontecer, estamos a viver um período difícil, mas estamos cá", começou por dizer. "Para todos nós hoje era muito mais fácil ficarmos em casa, gozar o feriado, mas não podemos fracassar perante as dificuldades". E acrescentou: "Estamos hoje a celebrar o Dia Mundial do Professor em condições muito diferentes daquelas que gostaríamos que fossem as condições para celebrar, muito diferentes das condições dos anos anteriores."

Numa sala com capacidade para cerca de 200 pessoas, mas que devido às regras de distanciamento social e das condições de segurança só poderia receber 40 pessoas (na verdade estavam cerca de 30), o dirigente sindical disse que "os professores sentem-se como um comandante no meio da tormenta que não tem medo de enfrentar um vendaval que lá fora reina, não têm medo de enfrentar as dificuldades". Efectivamente, acrescentou a esta metáfora, "olhamos para a sociedade e há muita gente com medo. Há quem diga, e até tem razão, que o mais perigoso da pandemia é o medo. Nós não temos medo, os professores estão à frente enfrentando toda a sociedade, todos os alunos, estamos nas escolas. Temos consciência que somos fundamentais para a saída desta crise".

Por outro lado, acredita que "se os professores se amedrontassem, se os professores ficassem em casa, as escolas não tinham condições para funcionar", mas lembra, "desde a primeira hora nós dissemos que apoiávamos  a decisão de voltar às escolas. Nós fizemo-lo, não só verbalmente, mas o nosso Sindicato dos Professores da Madeira, tem-no feito" presencialmente, frisou Francisco Oliveira. A visita a quase 40 escolas neste início de ano lectivo 2020/2021 por parte dos dirigentes do SPM é o exemplo do entendimento que todos devem sair da sua zona de conforto. "Não podíamos dizer aos nossos colegas para irem para as escolas e nós ficarmos aqui fechados no sindicato", apontou.

Por isso, acreditando que "os tempos difíceis precisam de gente determinada" e que "a classe dos professores tem mostrado que é determinada, que sente que o perigo está ao seu lado, mas que não  se tem acomodado". Daí que, reforçando que "há problemas nas escolas, que temos constatado nas nossas visitas e já temos relevado alguns", aproveita a celebração, hoje, para os renovar, pois aparentemente não tem havido resolução, quase um mês após o início do ano lectivo.

"Há problemas que deveriam ser resolvidos rapidamente e que carecem de resolução rápida", alerta. E exemplifica: "As escolas vivem um grande drama de falta de assistentes operacionais, funcionários. E isto é grave para o funcionamento das escolas, é grave para os funcionários que estão com uma sobrecarga de trabalhos tremenda. E seria bom se pudessem os senhores jornalistas fazer reportagem nas escolas para verem que há gente com uma sobrecarga enorme, e também que sobrecarrega os professores. O que está a acontecer é que, não havendo funcionários suficientes, esse trabalho também recai sobre os professores."

Francisco Oliveira refere, por exemplo a vigilância dos intervalos (mas não só) no 1.º Ciclo, uma vez que não havendo funcionários que o façam, não resta às escolas senão dizerem aos professores que a segurança é muito importante e, portanto, é preciso pessoas para o fazerem". O dirigente do SPM garante que estas denúncias não são exagero, "como às vezes se pretende fazer crer, porque temos conhecimento real do que se passa nas escolas. Há falta de funcionários e há, também, falta de alguns professores nalgumas áreas. O que sabemos é que as escolas cortaram com quase tudo o que não eram aulas e, portanto, os professores concentraram-se quase só nas aulas e muitas das actividades e dos projectos que as escolas tinham foram simplesmente, este ano, eliminados", denunciou.

Ainda assim, garante que "o SPM quer ser parte da solução e não parte do problema. Nós temos consciência que não o podemos fazer sozinhos, outros profissionais são muito importantes para que esta crise seja vencida. Mas não temos duvidas que os professores são muito importantes par que a sociedade se sinta confiante, não se acomode, não se assuste, venha para a escola , venha para a rua e vamos vencer esta crise".

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